ANTÓNIO HENRIQUES DA SILVA, EMPRESÁRIO E ANTIGO PCA DA AIPEX

“A informalidade afecta as famílias, porque mantém um grupo expressivo de pessoas à margem da contribuição de impostos”

16 Oct. 2024 Grande Entrevista

Garante que foi exonerado da presidência da Zona Económica Especial a seu pedido e o objectivo foi focar-se em projectos empresariais pessoais. Tem em carteira o lançamento de uma plataforma que promete revolucionar a economia informal. E chama atenção aos empreendedores e aspirantes a empresários para estudarem o mercado e os negócios em que querem investir. 

“A informalidade afecta as famílias, porque mantém um grupo expressivo de pessoas à margem da contribuição de impostos”

A economia angolana é excessivamente informal e já foram apresentadas várias soluções e programas para se combater a informalidade. Está a preparar o lançamento de uma plataforma, o que trará de novo?

A nossa visão não se limita a Angola, mas ao continente africano, já que o desafio da informalidade não é só característico de Angola. É uma realidade de muitos países africanos, sabemos por observação feitas há vários anos. Essa observação era importante para que pudéssemos entender a nossa perspectiva porque, se falhar, temos de ser capazes de reconhecer que essa possibilidade existe. Por isso procuramos observar o comportamento e as diferentes dinâmicas existentes no mercado informal para que, ao invés de estarmos focados na sua transformação forçada para formalidade, talvez entendermos dentro da sua forma actual, como é que seria possível replicar estas dinâmicas dentro do digital. Foi assim que, ao analisarmos a actividade, chegamos a alguns aspectos que achamos que são inovadores, de trazermos esta réplica para que ela se transforme em algo ao ritmo e ao comportamento das vendedoras. Vamos a uma praça e verificamos qual é o ritmo, como é que as vezes são atribuídos os descontos, verificamos qual é a bancada que esta a vender mais, qual é a bancada que esta vender menos. Se você vai à plataforma digital, quer continuar a ver isso. Nós conseguimos também fazer isso neste ambiente digital. Depois também há aqui algo interessante. No ambiente actual, na rua, as pessoas estão expostas ao calor, vêem-se forçadas a deslocar-se à procura dos clientes, mas, se olharmos para o ambiente digital, esta procura de clientes fica à distância de um clique. Há aqui uma outra oportunidade para as pessoas que sabem manusear a internet e têm já acesso às redes sociais. E depois, o nosso modelo de negócio, podem resultar outros negócios criados por outras pessoas.


Há a questão de muitas pessoas não serem letradas, como é que se pode contornar isso adicionando à falta de literacia digital?

A questão da literacia digital vai continuar, mas, com o reconhecimento visual do produto não acontece. Sabem quanto custa, sabem que produto é e como é que têm que dar o troco. Saberão fazer isso porque a forma como está descrita a informação dentro de cada loja digital vai facilitar. Isto hoje é cada vez mais intuitivo e mais fácil. 


Descreveu o processo de digitalização, como é que acontece a formalização neste processo?

A questão da formalização vem com uma etapa que vai resultar na concertação. A transformação na formalização é um acto que resulta da interacção com as instituições do Estado. A formalização tem de ser aceite de modo que as pessoas passam a pagar impostos e a beneficiar de serviços que possibilitam que a sua melhoria de vida seja efectiva. Por exemplo, falamos de seguro de saúde, é um ganho; se falarmos de crédito habitação, é um ganho. São acções concretas que demostram e garantem que esta evolução aconteceu. Quanto à forma como vai ser processada, vamos identificar as pessoas, porque estas precisam estar associadas a uma morada; estar elegíveis e com documentos que atestam que estas pessoas têm esta capacidade. Estamos a desenvolver também dentro da plataforma uma morada digital denominada ‘meu kubico’ e que acaba de identificar o agregado familiar, a localização geográfica com a devida identificação das coordenadas onde a pessoa vive. Finalmente, um mecanismo de forma lógica e que terá de ser integrado e aceite pelo Estado, com aspecto da identificação das pessoas. Hoje, com a tecnologia, a limitação de atribuir uma morada não pode ser vista na óptica da atribuição de uma rua e número de uma casa. Temos de ser capazes de associar de uma forma que seja reconhecida pelo Estado de chegarmos a qualquer pessoa. Isso tem lá os ingredientes que fazem parte da inovação que estamos a trazer. 

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