ANGOLA GROWING
Catarina Almeida, empresária, proprietária da Pantest Portugal

“A parte burocrática em Angola nãoé pior que aparte burocrática em Portugal”

Proprietária da única fábrica portuguesa com licença para produção de testes rápidos de covid, quer investir em uma unidade similar em Angola. No entanto, já está prevenida de que vai enfrentar “forças de bloqueios”, “falta de transparência” e uma concorrência que não dá a cara. Revela que doou testes a Angola, logo no início da pandemia, mas estes terão sido destruídos e nunca mais soube deles. Catarina Almeida jura não ter intenções de se meter numa eventual privatização da Angomédica, por não estar interessada em “ossos”.

“A parte burocrática em Angola nãoé pior que aparte burocrática em Portugal”

 

Tem a intenção de investir em Angola em uma fábrica de testes rápidos. Quais são as motivações deste investimento?

Era um sonho que acalentava já há algum tempo. A Pantest, em Portugal, surge precisamente por causa da necessidade do mercado angolano. Enquanto angolana, filha, neta, bisneta e trineta de angolanos e mãe de um angolano tenho fortes ligações com o país. Aliás, tenho casa em Angola. Nos últimos dois anos, por causa da pandemia, engravidei ainda não tive a oportunidade de regressar. Regresso agora para começar todo este projecto. Faz sentido desenvolver toda a indústria nacional, porque somos tão capazes como os outros ou mais. O nosso povo tem uma resiliência extraordinária e uma capacidade de criação admirável. Portanto, é minha intenção investir numa fábrica que desenvolva uma área de saúde que nos auxiliará a colmatar todas as necessidades que existem no país e diminuir as importações.

Uma vez concretizado o projecto, qual será a capacidade de produção?

Será uma fábrica gémea da Pantest. Não vou inventar nada. Vou aproveitar tudo aquilo que a Pantest tem, vou melhorar. Todos os ensinamentos que obtive e todas as coisas que fiz de errado não farei desta vez porque já sei o que é que correu menos bem. Teremos uma fábrica inicialmente com uma capacidade produtiva de três milhões de testes o que é manifestamente insuficiente face ao nosso mercado, sobretudo se considerarmos que, em Angola, a malária é uma doença endémica. Habitualmente e infelizmente, a maior parte das pessoas tem malária mais que uma vez por ano e somos 30 milhões. Iniciaremos apenas com duas gamas de produtos, uma de doenças febris endémicas em que vai ser contemplada especialmente a malária, o chikungunya e a dengue. Numa segunda fase, avançaremos para as DST, com testes de HIV, hepatite B, hepatite C e sífilis. Estes momentos diferentes de fabrico devem-se à complexidade de um e de outro teste. Naturalmente que, numa primeira fase, estaremos muito dependentes daquilo que a fábrica portuguesa produz em termos de tecnologia científica para enviar para Angola e, numa segunda fase, paulatinamente vamos começar a fazer as coisas mais complexas, de cariz mais científico, até porque já dispomos de recursos humanos em Angola para fazer. Temos dois profissionais, é uma questão de começarmos a trabalhar com eles.

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