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JOAQUIM NAFOIA, DEPUTADO DA UNITA

“A pretensão do MPLA de criar 20 províncias é um autêntico desvario do regime, é um desnorte total. Não se justifica”

26 Jun. 2024 Grande Entrevista

Absolutamente convicto de que a proposta de divisão político-administrativa de Luanda é uma “manobra” para abrir portas a futuras fraudes eleitorais, o deputado da Unita acusa a direcção do MPLA de querer tomar decisões sozinha, sem ouvir ninguém, nem os próprios dirigentes do partido. Natural da Lunda Norte, Joaquim Nafoia entende que a 'sua' província “já foi repartida” pelos dirigentes do MPLA e defende que o “verdadeiro empresariado de vocação está a ser empobrecido.”

“A pretensão do MPLA de criar 20 províncias é um autêntico desvario do regime, é um desnorte total. Não se justifica”

Depois de já ter dado entrada na Assembleia Nacional o projecto de divisão político-administrativa, que prevê 20 províncias, como entende a pretensão do MPLA em dividir Luanda?

A pretensão do MPLA de criar 20 províncias é um autêntico desvario do regime, é um desnorte total. Não se justifica. Estamos num país com uma Constituição e leis, instituições que deviam ser sérias e cidadãos sérios. Não podemos permitir que um Governo, em vez de governar, saia com ideias alucinadas e medidas puramente irracionais. É uma decisão que nos deve indignar a todos nós. Não podemos permitir quem governa maltrate as instituições e os cidadãos. 

Nas eleições gerais, no programa do MPLA, não consta nenhuma linha sobre divisão político-administrativa, o que anunciou é a realização das autarquias. Não pode vir agora impor este tipo de divisões para justificar o adiamento das autarquias. São artimanhas para deslocar os eleitores, criar condições favoráveis para organização do seu partido. Não podemos aceitar isso.


É uma preparação para as eleições de 2027?

Antes das eleições de 2012, houve uma divisão político-administrativa, antes das eleições de 2017 idem e antes das de 2022 houve a mesma coisa. O que resultou? Nada. O que temos verificado é que quando estamos próximos das eleições, o Governo faz sempre isso, cria problemas para a mobilidade das pessoas, porque os eleitores são sempre deslocados. É isso que tem reforçado a taxa de abstenção. O Governo apresenta sempre números de eleitores que não existem e extrapola. Aliás, vimos nas eleições passadas que até os mortos faziam parte da lista, foram instados a votar. O Governo faz estas manobras todas de divisão político-administrativa para criar bases para as fraudes eleitorais. E é mais para questões do Orçamento Geral do Estado. Os deputados não conseguem fiscalizar as acções do Governo, porque uma boa parte do OGE, as alocadas aos governos provinciais, administrações municipais e outras instituições, vai para o partido. Com a dificuldade que o regime tem, esta divisão é para as administrações de Luanda terem mais dinheiro no sentido de canalizarem para a reorganização do partido. 

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