“A Reserva Estratégica Alimentar está a pôr em situação de falência as grandes empresas que respondem aos desafios do Prodesi”
Com os olhos fixos no planagrão que, como sublinha, “traz condições animadoras” para a classe empresarial, o Presidente da Associação Agro-Pecuária de Angola alerta para o “excessivo” optimismo da iniciativa governativa, ao exigir “em quatro/cinco anos o que não fez em 40”. Wanderley Ribeiro dá o exemplo concreto do arroz que, das cerca de cinco mil toneladas actuais, se espera que supere os dois milhões de toneladas em 2023. As preocupações de Wanderley Ribeiro estendem-se, em termos mais imediatos, à Reserva Estratégia Alimentar, mecanismo que considera estar a ser gerido de forma “irresponsável”. Por isso, aponta vários caminhos...
Passados oito meses, a Reserva Estratégica Alimentar (REA) não paga o milho que os fazendeiros angolanos venderam. Porquê?
Não temos comunicação da REA. Ou seja, diz que vai operacionalizar e que vai fazer o pagamento, mas não cumpre o que foi acordado. Estivemos envolvidos em processos de acordos com o Executivo para a compra de 60 mil toneladas de milho, no último trimestre do ano passado, e devemos dizer que esse processo foi muito mal conduzido. Até hoje, temos muitos produtores que ainda têm muito milho em silos e estão com redução da qualidade, com custos adicionais, porque alguns dos silos são arrendados. Surpreende-nos, portanto, que ainda hoje, em 2023, uma parte deste milho não tenha sido carregado e nem os produtores pagos. Estas empresas que tiveram acordos com REA representam algumas das maiores do sector, no país. São aquelas que estão a dar respostas aos desafios que foram lançados pelo Governo, sobretudo, no âmbito do Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações (Prodesi). Mas o REA, que é também organismo do Executivo, é que vem colocar quase em situação de falência as empresas que estão a dar respostas a um dos maiores programas do Governo, que é o Prodesi.
Apresentaram essas reclamações ao Governo?
Fizemos cartas para o ministério de tutela a solicitar intervenção, mas nenhuma das nossa cartas teve respostas. Continuamos a tentar uma concertação amigável, continuamos a buscar o diálogo, mas a maneira como a REA está a ser gerida, infelizmente, é muito irresponsável. Na nossa opinião, a REA devia estar sob a tutela do Ministério da Agricultura e Florestas, porque esse ministério é que deve saber as disponibilidades de stocks nacionais, para que, em função das disponibilidades dos stocks, faça a alocação da licença para a importação. Quer dizer, se existir aqui um problema de comunicação entre o Ministério do Comércio e o da Agricultura, o Ministério do Comércio vai facilitar a importação, não sabendo, de concreto, o que está a ser produzido.
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JLo do lado errado da história