GIANNI MARTINS, PCA DA GLOBAL INN INVESTMENTS E DIRECTOR-GERAL DA ALFORT PETROLEUM

“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir com as nacionais. Vai ter de reinventar-se”

Lidera uma das empresas seleccionadas para operar um dos blocos em terra. Apesar de considerar difícil a Sonangol, liderada pelo seu pai, ser ultrapassada por uma empresa privada nacional em termos de quota de produção operada, alerta para a necessidade da petrolífera nacional “reinventar-se”. Presidente do Sporting de Luanda e administrador independente do BIC, fala também destes desafios.  

“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir com as nacionais. Vai ter de reinventar-se”

Dirige uma das empresas seleccionadas para operar um dos blocos em terra. Deve saber que alguns analistas colocam em dúvida o sucesso deste processo por suposta falta de experiência das empresas seleccionadas. Qual é a realidade da vossa empresa. Qual é o estágio dos vossos trabalhos? 

Penso estar a falar da ronda de licitações que começaram em 2020 e terminaram em 2022. Acho que as pessoas ficaram um bocadinho cépticas porque muitas das empresas que concorreram são nacionais e, às vezes, é um contrassenso porque queremos dar oportunidades às empresas nacionais e, quando estas concorrem, dizem são nacionais, não vão conseguir”. Parece que temos receio de que os nacionais avancem. Também concordo que nem todas têm a experiência que o sector, às vezes, exige. Quando digo experiência, refiro-me somente ao tempo de existência, porque os seus profissionais têm a experiência. São, às vezes, profissionais vindos de multinacionais internacionais que trabalham em Angola. No nosso caso, eu, particularmente, trabalhei muitos anos no Estado, especificamente na Sonangol, até 2013. A minha licenciatura é em engenharia de petróleo e o mestrado também. Trabalhei nos Estados Unidos. Em Angola, antes de trabalhar para a Sonangol, trabalhei na Chevron, por isso é que abracei o desafio quase que de uma forma muito automática. A minha estratégia foi muito simples: rodear-me de outros profissionais nacionais, com mais experiência que eu, inclusive, e isso foi o que permitiu chegarmos até onde estamos. Diferente de muitas empresas, que ficaram em muitas concessões, só estamos numa concessão. Estamos a fazer prospecção, os trabalhos estão em curso. Conseguimos apresentar-nos devidamente perante a banca internacional e garantir recursos financeiros para esta primeira fase. Não na banca, mas, na verdade, empresas de investimentos internacionais, fundos financeiros. 

O que indicam os primeiros resultados da prospecção? 

O sector petrolífero é um sector ingrato, infelizmente. É de altíssimo risco. Ainda estamos a navegar no escuro, porque estamos a fazer prospecção, estamos a fazer aquisição sísmica, temos que fazer os nossos estudos de geologia e geofísica e só depois é que vamos saber o que temos, enquanto isso... 

E quando esperam ter a respostas sobre se valeu a pena? 

A primeira fase da prospecção termina, conforme a orientação do regulador, a Agência Nacional de Petróleo e Gás, em Agosto de 2025. Quer dizer que temos até Agosto de 2025 para terminar os nossos estudos e determinar se queremos continuar ou se vamos saltar. Portanto, é muito prematuro. 

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