AMÉRICO AMORIM: 1934-2017

A trajectória do ‘Rei da Cortiça’

17 Jul. 2017 César Silveira Gestão

LEGADO. Amorim completaria 83 anos no próximo dia 21 e deixa uma fortuna avaliada em cerca de 4,9 mil milhões de euros que o colocou na condição de homem mais rico de Portugal.

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O ‘Rei da Cortiça’. Américo Amorim ficou assim conhecido por culpa do início do seu percurso empresarial e da liderança mundial do negócio da cortiça. Herdou da família a aposta no sector. Constituída em 1970, uma pequena empresa familiar (que tem o mérito de ter sido a primeira fábrica para a produção manual de rolhas de cortiça para as garrafas de vinho do porto) esteve na origem do que é, actualmente, o Grupo Américo Amorim.

Em 1922, o pai e os tios de Américo Ferreira de Amorim fizeram um ´´upgrade´ ao negócio e criaram a “Amorim & Irmãos”, onde Américo viria a ingressar aos quadros nos anos 1950, depois da conclusão do curso Geral de Comércio.

Com os irmãos e um tio, fundou a Corticeira Amorim (1963), assim como a Ipocork e a Champcork, empresas do sector dos derivados da cortiça. Posteriormente tornou-se responsável executivo da Holding Corticeira Amorim, que controla as empresas corticeiras e afins.

A diversificação do negócio da cortiça é atribuída ao seu espírito inovador, enquanto a expansão e internacionalização dos negócios, à sua visão e ousadia. Américo concordava com esta caracterização como se pode depreender na seguinte frase que usou ao referir-se ao período de 25 de Abril de 1974 em uma das entrevistas que concedeu à revista portuguesa Visão: “Enquanto os outros fugiam, eu fiquei e comprei”.

Na ocasião, também destacou a experiência internacional que ganhou com as inúmeras viagens que realizou entre os anos 1950 e 60. “Estive durante quatro anos e meio fora de Portugal, nos caminhos-de-ferro, em segunda classe, e a dormir em pensões. Andei pela América do Sul, Europa central e Ásia. Conheci povos, mentalidades, culturas, guetos de poder, sociedades desfavorecidas. Fiquei com a ideia de como era o globo. Foi uma universidade fantástica.”

Iniciou a diversificação dos negócios nas décadas que se seguiram a 1974 com o Grupo Américo Amorim. Em 1981, esteve envolvido na criação da Sociedade Portuguesa de Investimentos (SPI), que daria lugar ao BPI. Mais tarde, viria a participar no BCP, o banco privado fundado em 1985.Depois da área financeira, o grupo posiciona-se em sectores como as telecomunicações, o turismo e o petróleo.

Actualmente, o Grupo Américo Amorim (GAA) detém posições em dezenas de empresas nos cinco continentes e em diversas áreas económicas, desde a cortiça ao têxtil, à vitivinicultura, entre outras.

Na área da cortiça, o GAA é o líder mundial através de 78 empresas, 28 das quais são unidades industriais de transformação, estando os seus produtos presentes em mais de 100 países.

A sua ligação com Angola iniciou com a presença da Galp em 1982. Reforçou-a em 1993 na sequência da aquisição, pelo Grupo BPI, do então Banco de Fomento Exterior (que entrara em Angola em 1990). Seguidamente, participou em 2005 na criação do BIC Angola, tendo, em 2014, vendido os 25% que detinha tanto no BIC Angola como no BIC Portugal (criado em 2008 com os mesmos accionistas do BIC Angola). De resto, Amorim conta com um histórico recheado de compra e venda de participações. “Américo Amorim, um grande capitão da indústria, um homem com paixão pela criação de valor, riqueza, emprego e constante empreendedor de projectos”, é como Isabel dos Santos descreveu o antigo parceiro de negócios, fazendo recurso à sua conta do instagram.