NUMA ESTRATÉGIA DE ROBUSTEZ DA INSTITUIÇÃO

Accionistas do BCA reforçam capital em mais de 20 milhões USD

CAPITAL. Políticos Salomão Xirimbimbi, Dino ‘Matross’ e Lopo do Nascimento, empresário António Mosquito e demais accionistas foram convocados a fazer um novo reforço de capital. E decidiram subir em mais de 20 milhões USD. Novo aumento é justificado com “necessidade de robustez”.

 

Accionistas do BCA reforçam capital em mais de 20 milhões USD

Os accionistas do Banco Comercial Angolano (BCA) decidiram fixar, na semana passada, um aumento de 20 milhões de dólares sobre o capital social da instituição, depois de já terem observado a exigência do Banco Nacional de Angola (BNA) que estabeleceu 7,5 mil milhões kwanzas como limite mínimo legal, soube o VALOR de fonte da entidade. Os accionistas justificam a decisão, aprovada por todos, com a necessidade de se conferir “robutez” ao banco, quando já só faltam pouco menos de duas semanas para o fim do exercício financeiro de 2018.

“A reunião realizou-se mesmo e aprovaram-se os 20 milhões de dólares agora vão ser notificadas as pessoas para este aumento de acordo com o que está programado numa proposta que apresentámos. E não tem nada a ver com o aviso do BNA. Esse aumento é para robustecer o banco”, esclareceu um dos accionistas.

Da agenda da reunião constava apenas um único ponto sobre “análise e aprovação da proposta de aumento do capital social do Banco Comercial Angolano em mais de 20.000.000 de dólares, mediante a realização de novas entradas em dinheiro a subscrever por todos os accionistas do banco na proporção das suas acções”, conforme a convocatória assinada pelo presidente da mesa da assembleia-geral do banco, Mário António de Sequeira e Carvalho.

Até 31 de Dezembro do ano passado, integravam a lista de accionistas do BCA várias entidades colectivas e particulares, com destaque para a Sadino, com 13,10%, o político do MPLA Salomão Xirimbimbi, com 11,10%, o grupo Gefi (9,80%), Fundo de Pensões (9,30%), José Francisco António (9,20%) e o histórico militante do MPLA Julião Mateus Paulo ‘Dino Matross’, dono de 7,00% do capital.

A vasta lista acolhe ainda os nomes de Fernando José França Van-Dúnem (3,10%), o político Lopo Fortunato Ferreira do Nascimento (2,10%), o empresário António Mosquito (1,80%), os herdeiros de Pedro de Castro Van-Dúnem (1,80%), o ex-ministro dos Transportes Augusto Tomás (1,40%), Generoso de Almeida (0,70%), entre outros nomes de destaques da política activa nacional.

Desempenho

No balanço patrimonial do ano passado, o banco inscreveu activos de 42.694,5 milhões de dólares, um deslize de 1,6% face aos 43.919,8 registados até 31 de Dezembro do período homologo anterior.

Houve ainda um recuo mais expressivo nos resultados líquidos do exercício. A contabilidade do banco liderado por Mateus Filipe Martins declarou lucros de apenas 1.983,1 milhões de kwanzas, um recuo de 36,9% face aos 3.143,5 milhões do exercício de 2016.

A queda dos lucros é justificada, em parte, com o desempenho das margens financeiras – a base do lucro das instituições de crédito – que, no período, encolheu 12,5%, ao sair de 3.694,6 milhões de kwanzas em 2016, para apenas 3.230,7 milhões até 31 de dezembro do ano passado.

Por seu turno, o conselho de administração do banco justifica a queda das margens financeiras com “a regressão verificada nos proveitos de títulos (39%), em decorrência do vencimento de alguns destes instrumentos financeiros”.

Paralelamente, justifica a administração, “a margem complementar decresceu em 14%, por influência da redução verificada nos ‘proveitos cambiais (44%), tendo no global contribuído numa redução dos resultados em 37%”.

Aplicação do resultado

O conselho de administração decidiu, no período, que 10% dos resultados líquidos apurados fossem aplicados como reserva legal, e 90% para reservas livres. A aplicação em reserva legal é justificada com base no artigo 89º da lei das instituições financeiras, e as reservas livres com o “objectivo de sustentar os capitais próprios”.