Acusações não afectam Banco Kwanza Invest
BANCA. Detentor de 85% do único banco de investimento angolano, Bastos de Morais afasta qualquer possibilidade de que as indiciações sobre si prejudiquem o desenvolvimento dos seus negócios. Balanço do banco, de 2017, regista lucros de 45,3%.
As implicações de Jean-Claude Bastos de Morais, nos casos Fundo Soberano e Ilhas Maurícias, “não vão prejudicar as operações do Banco Kwanza Invest (BKI)”, controlado maioritariamente por este empresário suíço-angolano. Bastos de Morais deixa isso claro numa resposta enviada ao VALOR, garantindo que a gestão do banco “nunca teve qualquer envolvimento ou mandato do FSDEA”, nem mesmo depois de a Quantum Global, outra empresa detida por ele, ter gerido grande maioria dos activos dessa unidade de investimento do Governo de onde foi afastado.
O gestor remeteu os seus argumentos para o balanço do BKI referente a 2017. Até Dezembro, o banco registava resultados líquidos de 1.661,8 milhões de kwanzas, um avanço de 45,3% face aos proveitos de igual período anterior, avaliado em 1.143,3 milhões de kwanzas, números que confortam o proprietário do banco e sua administração. “Estamos satisfeitos com os últimos desempenhos do Banco Kwanza Invest, conforme os dados do relatório que estamos a finalizar com a auditoria de 2017, que será registada conforme os requisitos e regulamentos legais do BNA”, garante Bastos de Morais, em resposta à posição dos clientes face às acusações contra a sua gestão nos vários activos do Estado fora de Angola.
Apesar de ter registado um crescimento nos lucros, calculado em 45,3%, os activos do banco não acompanharam o mesmo desempenho ao logo de todo o ano passado. A contabilidade do BKI viu os activos recuarem 12,7%, ao saírem dos anteriores 19.804,3 milhões de kwanzas para os actuais 17.286,6 milhões.
O balanço do banco teve nota positiva do auditor, excepto na rubrica ‘relato financeiro para economias hiperinflacionárias’, um pressuposto técnico em que já ‘caíram’ outros bancos nacionais. Para o auditor Deloitte, o banco não cumpriu esse requisito, pelo que entendeu carimbar o balanço com uma reserva.
Obras do banco paralisadas
Por outro lado, o dono do BKI recusou tecer qualquer comentário sobre o embargo às obras de requalificação do banco, localizado nos limites da rua Comandante Gika, em Luanda, nem pôde confirmar se o caso está associado ao processo judicial que decorre contra ele. As obras de requalificação e ampliação do edifício do BKI foram adjudicadas à empresa Teixeira Duarte, que mantém o seu ‘estandarte’ e parte dos equipamentos nas obras. Sobre a paralisação dos trabalhos, Bastos de Morais preferiu responder: “não podemos comentar sobre negócios dos clientes e parceiros, o nosso negócio continua como de costume”. Morais, Zenu e FSDEA investigados Depois de Bastos de Morais ter sido interrogado pelas autoridades mauritanas, devido a vários investimentos da Quantum Global naquele país, segue a vez do Governo angolano, que, através da PGR, o constituiu arguido e ao antigo presidente do FSDEA, José Filomeno dos Santos.
Para Bastos de Morais, o processo surge menos de três meses após indiciação pelos tribunais das Maurícias. Já Filomeno dos Santos é a segunda vez que se vê chamado num processo judicial, depois do caso da suposta transferência irregular de 500 milhões de dólares.
A gestão do FSDEA continua na ‘ordem do dia’. Aliás, há duas semanas, o presidente João Lourenço, reafirmou, em entrevista à ‘Euronews’, realizada no quadro da sua visita a França, estar “à caça dos recursos do FSDEA”.
“Estamos num processo de procurar reaver esses mesmos recursos”, enfatizou o chefe de Estado, não se ficando por aí: “Foram colocados à disposição do Fundo Soberano 5.000 milhões de dólares - nesta altura deveria existir mais do que isso - porque aquilo é um fundo de investimento e quando se investe, o objectivo é multiplicar os recursos.”
Entretanto, em ocasiões diversas quer a anterior administração do Fundo Soberano, quer a entidade gestora de fundos Global Quantum contrapuseram as várias informações que têm dado conta de alegadas práticas de má gestão, defendendo-se com relatórios auditados por entidades independentes.
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