Acusada de usar nome da Carrefour indevidamente, Alimenta Angola nega e considera “desculpas da batota”
CONTRATAÇÃO PÚBLICA. Polémica à volta do concurso de gestão e exploração da rede de híperes e supermercados Kero, vencido pelo grupo Anseba, continua a levantar suspeitas e descontentamentos. Fonte ministerial alega que o Alimenta Angola usou indevidamente o nome do Carrefour. Brasileiros negam e insistem terem concorrido em parceria com os franceses.
Quase uma semana depois de o Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (Igape) anunciar, em jeito de reconfirmação, a vitória da Anseba no concurso público de exploração da rede de híperes e supermercados Kero, as suspeitas e descontentamentos continuam acesos. Fonte do Ministério da Indústria e Comércio (Mindcom) alega ao Valor Económico que, na tentativa de ganhar e enganar a opinião pública, o Alimenta Angola “usou indevidamente” o nome Carrefour, sob a capa de uma suposta parceria.
Não muito diferente, no anúncio dos vencedores, o Igape cita somente o Alimenta Angola e outros dois candidatos ao concurso, nomeadamente a Anseba e a Camarufi. E realça que, em nenhuma fase, os concorrentes apresentaram provas documentais da existência de associação com marcas internacionais.
Contactado pelo Valor Económico, o Igape insiste que o Alimenta Angola não concorreu em parceria com os franceses. Entretanto, numa outra ocasião, em finais de Novembro, em declarações à RNA, o administrador executivo do Igape Augusto Laurindo Kalikemala explicava que o Alimenta Angola tencionava, caso vencesse, explorar o empreendimento através de um contrato franchising (consiste na concessão do direito de uso fornecido pelo proprietário de uma marca a um investidor) com a marca francesa.
“O grupo Alimenta Angola apresenta uma proposta que implica também uma eventual exploração de um franchising da rede Carrefour. Mas nunca teve um compromisso de a rede Carrefour investir directamente no negócio ou participar directamente no negócio”, referiu Augusto Laurindo Kalikemala.
Descontente com o resultado, mas sem motivação de recorrer a outras instâncias, a direcção do Alimenta Angola nega ter usado o nome da rede francesa de forma indevida e garante constar, inclusive, do seu caderno de encargos.
“Estão a usar esta metodologia para se defenderem. Já foi contestado e nada se mudou”, lamenta, sublinhando que é preferível alinhar-se a “quem é dono” de forma a evitar represálias.
A empresa viu também desfeita a esperança de concorrer aos supermercados do Nosso Super. O concurso é reservado a investidores nacionais.
O grupo Anseba de origem eritreia e alemã, criado há dez anos com um capital de 200 mil kwanzas, ganhou o concurso com 66,2 pontos, segundo os resultados oficiais. O grupo tem como objecto o comércio geral e a retalho de materiais de construção e indústria transformadora. Durante uma década de existência, alterou o pacto social duas vezes. A primeira foi em 2016, tendo colocado na estrutura accionista João Tristeza Gaspar Fernandes, Arnito José Agostinho e Ives Fernandes. Todos foram retirados, entretanto, dois anos depois, mantendo entre os accionistas Kalab Woldeselassie Berhe e Yemane Berhe Weldeslassie.
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