Adaptar é a palavra de ordem
A covid-19 espalhou o caos sobre a maioria dos sectores e, com 2020 ainda a meio, não é possível conhecer todos os efeitos da pandemia de forma agregada. No entanto há mudanças que são notórias nos hábitos de consumo, algumas que vieram para ficar, como a tendência para comprar a produção local, outras que esperamos ver pelas costas rápido como a queda abrupta no uso de desodorizantes. Acompanhar os dados ajuda a adequar a oferta do seu negócio às demandas do novo normal.
Os efeitos das campanhas mundiais do ‘fica em casa’ na vida e na psique colectiva são tão diversos que só até certo nível já se tornam mesuráveis. Mas há indicadores. As regras de distanciamento social, a adopção do teletrabalho e a diminuição da socialização contribuíram por exemplo para uma queda mundial nas vendas de produtos de cuidado pessoal como desodorizantes e gel de duche e para a subida de ‘essenciais’ caseiros como gelado de pacote (que aumentou perto de 30%). Gelado que acompanha o consumo crescente de jogos online e aplicações de entretenimento como o Netflix que ganhou 16 milhões de novas assinaturas com aumentos de consumo até 70%. O fermento de pão e a farinha de trigo são outros exemplos que subiram nas preferências de consumo e claro, o papel higiénico.
A segunda semana de março deste estranho 2020 registou o que ficou conhecido na indústria como o “grande pânico do papel higiénico de 2020”.
No dia 12 de março as vendas incharam 734% em comparação com o mesmo dia no ano anterior nos EUA e o papel higiénico subiu ao primeiro lugar do topo de produtos vendidos pela primeira vez em registo. A subida só não foi maior porque a procura foi acompanhada de uma ruptura de stocks sem precedentes à medida que as cadeias de produção entravam em colapso sem conseguir dar resposta à procura exponencial. Cada comprador comprou cerca de 70% mais do que normalmente comprava para se preparar para uma América sem papel higiénico e meses depois do pânico inicial, a demanda continua elevada sobretudo em comparação com outros produtos que vendiam melhor como maquilhagem por exemplo.
Outros produtos também registaram aumentos de vendas nos mercados mundiais, são exemplos os refrigerantes a comida de animais, a comida embalada e as bebidas alcoólicas que os compradores adquiriram para stockagem caseira de produtos com datas de validade mais longas.
Enquanto esta corrida para encher a dispensa pode estabilizar quando o pânico do covid-19 acalmar, algumas tendências como a procura de abastecimento por redes locais e que simultaneamente contribuam para o crescimento de negócios comunitários, que aumentou a ponto de se verem nascer várias plataformas online para o propósito, vão manter-se depois da pandemia porque os consumidores se tornaram mais conscientes no processo. A busca de frescos de produção local, sobretudo com entrega, que se tornou tendência mundial este ano, explica o aumento da base de entregas da angolana Fazenda Girassol durante a pandemia.
A indústria de bens de luxo que previa um crescimento de 3% para este ano, estima agora uma contracção de pelo menos 18%, mais em países como a China (-22%) ou os EUA (-25%) países muito afectados pela pandemia e vê-se pressionada para se manter relevante em contexto de restrições e em que a procura por bens de exposição social desapareceu. O tabaco que normalmente resiste a crises porque os seus consumidores aumentam a procura em tempos de stress, espera uma contracção pouco usual, devido a outra tendência trazida pelo covid-19, a necessidade de cuidar da saúde, com o fortalecimento da imunidade com a saúde do sistema respiratório à cabeça, outra tendência que veio para ficar.
Se vende ou produz produtos estude as mudanças que o novo normal vai inserir na sociedade e adapte o seu negócio ao presente e futuro.
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