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África precisa de milhões de empregos

17 Mar. 2016 Valor Económico Mundo

ALERTA. A Continente precisa criar 5 milhões de empregos para jovens para evitar instabilidade económica, social e política, segundo o director regional da Organização Internacional do Trabalho.

O director regional para África da organização Internacional de Trabalho, Aeneas Chuma, afirmou que o continente deve criar 5 milhões de postos de trabalho por ano, na tentativa de acompanhar o crescimento da mão-de-obra, na região onde metade da população tem menos de 25 anos.

Durante a sessão da abertura da assembleia-geral da Federação das Organizações Patronais da África Ocidental, que decorreu em Cabo Verde, defendeu ainda a tomada de “medidas ousadas” nos próximos anos para que a explosão demográfica dos jovens não seja “receita para a instabilidade económica, social e política na região.

Aeneas Chuma considerou que o empreendedorismo jovem pode ser uma saída, mas assinalou que este “é baixo” e que subsistem dificuldades como a falta de acesso a financiamento “em condições razoáveis” e as barreiras administrativas. Sustentou também a necessidade de “fortalecer uma base de empreendedores locais” para impulsionar “o crescimento de um modo sustentável e inclusivo”. No mesmo sentido, o presidente da Federação das Associações Empregadoras da África Ocidental (FOPAO), Jean Kacou Diagou, defendeu a necessidade de introduzir na educação a promoção do empreendedorismo. “É uma necessidade vital para que os jovens possam ter vontade de criar e de ousar empreender”.

Jean Kacou Diagou afirmou ainda que o desemprego jovem está a ser usado por grupos como o Boko Haram “para outros fins”, sublinhando a necessidade de medidas que promovam o desenvolvimento e a criação de postos de trabalho. Já oprimeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, lamentou que muitos dos Estados africanos vivam ainda em condições de grande fragilidade, pobreza e exclusão social e com grandes ineficiências de funcionamento em várias áreas, o que cria “verdadeiras bombas-relógio”.

“São situações que têm de ser consideradas hoje para que não venhamos a ter mais problemas no futuro”, afirmou José Maria Neves, que considerou que os maiores desafios do continente estão relacionados com a construção de Estados capazes de criar dinâmicas de crescimento e desenvolvimento.