CONTRARIANDO OS 35% DO GOVERNO

AIA propõe subvenção de 75% aos fertilizantes

PRODUÇÃO. Presidente da AIA acredita que medida pode criar riqueza e reduzir as exportações. José Severino desafia Governo a não ter “medo” de subvencionar mais e lembra que os camponeses vivem numa “situação crítica”.

AIA propõe subvenção de 75% aos fertilizantes
José Severino, Presidente da AIA

A Associação dos Industriais de Angola (AIA) acredita que a subvenção aos preços dos fertilizantes em 35% “não chega”, pelo que propõe uma alteração para os 75%.

O seu presidente, José Severino, alerta, em declarações ao Valor Económico, que o camponês está “numa situação muito crítica”, de modo que os 35% aprovados “não são nada” e “não chegam para colmatar as dificuldades”.

José Severino entende que o Estado “não deve ter medo de subvencionar em 75% aos camponeses porque só sairá a ganhar”. “Ele [camponês] vai criar riqueza, o Estado vai ganhar, vai substituir importações com a produção”, sublinha.

O líder empresarial, ao contrário de defender a subvenção aos preços dos fertilizantes, propõe que o Estado termine com a subvenção aos combustíveis, afirmando que “Angola tem subvencionado o contrabando”. 

O Governo decidiu, em Junho deste ano, subvencionar o preço dos fertilizantes até 35% “para que sejam comercializados a preços mais acessíveis”. 

A medida foi aprovada em reunião ordinária da Comissão Económica do Conselho de Ministros.

Na altura, o ministro da Agricultura e Pescas, António de Assis, anunciou a subvenção de até 35% do preço real do mercado e que os agricultores só iriam pagar o diferencial. O Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Agrário (Fada), por sua vez, pagará aos empresários o valor que for acordado em leilão.

Numa primeira fase, o Governo prevê alocar cerca de 17 mil milhões de kwanzas ao Fada, para realizar as operações de subvenção.

O ministro explicou que o objectivo principal da medida é tornar “mais fácil” a vida dos produtores, principalmente dos que praticam agricultura familiar, que, neste último ano agrícola, atravessaram dificuldades devido ao clima, excesso de chuvas, estiagens prolongadas e ataques de pragas.