“Ainda somos uma economia com uma estrutura muito rígida em novos sectores, não traz confiança à entrada de investimento”
Considera que as infra-estruturas são um ponto crítico para que a diversificação da economia se efective de forma mais acelerada e acredita que o gás pode ser um ‘trunfo’ para o crescimento económico. Diretor-geral da multinacional Ernst & Young em Angola, explica que as big four são preferidas porque, teoricamente, apresentam melhor trabalho e não elaboram pareceres encomendados ou para continuidade dos contratos.
Para este ano, o Governo espera um crescimento da economia em torno de 4%. O que lhe parecem essas projecções?
Há sempre vários indicadores e há entidades que trabalham estes números. As projecções do Banco Mundial dizem que o crescimento de Angola não será os 4%, será à volta dos 2,1%. Mas, na verdade, o que indica é que há um crescimento, ou seja, a perspectiva de crescimento é boa. É importante aqui fazer um olhar para o retrovisor. Tivemos cinco anos de recessão. E, nessa perspectiva, ter crescimento é sempre uma boa notícia. A economia continua ainda muito dependente do petróleo, os factores económicos estão ainda muito condicionados, quer pelo desinvestimento que houve no sector do petróleo quer pela quebra da produção, com um baixo nível de diversificação dessa mesma economia. Mas, de qualquer maneira, acho que há aqui um espírito de mudança. Nos últimos anos tem-se a estratégia de, pelo menos, manter a produção petrolífera. Conseguiu-se estabilizar a produção em um milhão de barris por dia.
Enquanto isso, a diversificação da economia não avança, pelo menos não como desejado...
Quanto à diversificação, a ideia do Executivo é um bom facto. Mas ela ainda não está lá. O peso do petróleo ainda é grande. Não permite que os factores e os indicadores económicos mudem. Sem uma diversificação económica, a pressão dos preços, a importação, leva a que haja uma inflação alta. Por isso, é difícil que este crescimento ande no ritmo que se quer. De qualquer forma, nota-se que há uma viragem para a agricultura. Hoje representa cerca de 10% da economia. Tem que passar em seis anos para os 20%. Mas necessita de capital estrangeiro, de conhecimento, infra-estrutura. Tem havido investimento na energia e águas, mas ainda faltam algumas áreas.
Além da agricultura que citou que outros sectores podem contribuir de forma decisiva?
Os minérios, não só os diamantes, no caso dos diamantes é difícil concorrer. Quando digo que é preciso criar indústria transformadora dos minérios ou das matérias-primas que a Angola tem, nos diamantes temos uma Índia que é muito competitiva na lapidação. Mas temos o ferro, o lítio, e aí, sim, podemos explorar e trazer a indústria de forma a reter valor no país. Uma outra área fundamental é o turismo. Angola tem um potencial a nível dos grandes ‘el dorados’ que existem no mundo. Faltam infra-estruturas. O tema infra-estruturas é crítico para que estes sectores da diversificação sejam de uma forma mais rápida implementados no país.
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