Alassola ‘responde’ à ministra com primeira exportação para a Europa
INDÚSTRIA TÊXTIL. Fábrica de produtos têxteis Alassola, localizada em Benguela, fez a primeira exportação de tecido este mês. Cerca de 150 toneladas de fios diversos partiram do Porto Comercial do Lobito para Portugal, semanas depois de um decreto do Governo exigir a sua devolução.
O despacho da ministra da Indústria que obriga a devolução da unidade têxtil Alassola ao Estado não impediu esta de concretizar, este mês, o início das exportações de produtos têxteis. Pelo contrário, o presidente do conselho de administração da empresa, Tambwe Mukaz, garante que, doravante, as exportações passam a ser regulares, inicialmente apenas para o mercado português, onde diz possuir parceiros comerciais com contratos selados.
Com esta primeira exportação, a empresa calcula arrecadar meio milhão de dólares, com os quais prevê minimizar a falta de divisas para a aquisição de matéria-prima. Dentro de quatro semanas, seguem mais 15 contentores para Portugal, correspondentes a 150 toneladas de fio de tecelagem (um produto intermédio do tecido). Tambwe Mukaz revelou ao VALOR que a importação de algodão representa 55% dos custos globais da produção da empresa.
Em pleno funcionamento, vai precisar de 11 mil toneladas de algodão anuais, numa altura em que depende apenas da importação deste produto para o seu funcionamento, devido à falta de produção local em grande escala.
A fábrica possui 170 trabalhadores, cinco dos quais expatriados, prevendo empregar até 1.200 pessoas.
À exportação de fio para o fabrico de tecido, a companhia espera juntar, no próximo ano, tecido e, mais tarde, toalhas, lençóis, entre outros produtos do género.
MARCO HISTÓRICO
Tambwe Mukaz considera o primeiro carregamento “um marco histórico para a empresa e o país”. O gestor realça que o mercado europeu “é bastante exigente” e prima pela qualidade, pelo que a produção nacional deverá situar-se dentro de parâmetros elevados para que tenha aceitação “em qualquer mercado internacional”.
A reabilitação, ampliação e modernização da África Téxtil (Alassola), Satec e Textang foi um desafio do Governo inserido no Plano de Desenvolvimento 2013/2017, que visava, sobretudo, reduzir as importações e fomentar as exportações. O investimento estatal para a reactivação das três unidades totalizou perto de 1,2 mil milhões de dólares, provenientes de uma linha de crédito do governo japonês.
Mas a entrega, em 2013, das instalações destas três unidades têxteis estatais à gestão privada está enfermada de “vícios procedimentais”, segundo um despacho da ministra da Indústria, Bernarda Martins, de 15 de Setembro.
As empresas tinham até 30 de Setembro último para reverterem o controlo das respectivas unidades ao Ministério da Indústria, que as advertiu a não obstaculizar a entrada nas instalações de representantes seus. Estavam ainda obrigadas a entregar as instalações, os activos móveis e imóveis “em boas condições de conservação”, “considerando o investimento feito pelo Estado na recuperação” das mesmas.
Tambwe Mukaz minimiza o assunto. Considera tratar-se de uma questão interna que ainda pode ser corrigida, mas sublinha que não lhe compete falar a respeito da mesma. “A fábrica está a funcionar seguindo as fases programadas e já começámos a exportar”, respondeu ao VALOR.
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