Aldeia Nova quer acabar com domínio da Danone
LACTICÍNIOS. Empresa tem uma capacidade diária de duas toneladas e pretende passar para as 10 mil toneladas. Elevado custo de produção é um dos principais desafios.
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O Projecto Aldeia Nova, no Waku-Kungo, vai investir cerca de 540 mil dólares para aumentar a produção de iogurtes, no próximo ano, passando das duas para as 10 toneladas diárias. Kobi Trivizki, director-geral da empresa, explica que o objectivo passa também por tornar os produtos da fazenda “mais competitivos”, enfrentando directamente os produtos importados, como a Danone. Desafio que considera, entretanto, “hercúleo”, face aos “preços mais competitivos” da marca francesa.
Sobre os custos de produção, Kobi Trivizki entende ser possível diminui-los, desde que se libertem divisas “que permitam o acesso a modernos equipamentos e a formação de quadros”. Estima que o país precise de mais três ou quatro fábricas do nível da Aldeia Nova “para se tornar auto-suficiente nos iogurtes” e pede ao Governo a proteccão da produção local, alerta para a necessidade do combate à recessão, de modo a evitar “a falência de muitas empresas”.
Em relação a outros produtos pecuários, como o frango, carne de vaca ou de porco, o gestor aponta como solução, o aumento da produção de milho e soja para o fabrico de rações. “Não podemos abater frangos porque os importados são mais baratos”, acrescenta. “Em Portugal, o quilo da carne de porco custa um euro e chega a Angola a dois euros. Aí está a lógica da preferência pelas importações que acabam por asfixiar a produção nacional”, exemplifica.
OUTRAS FRENTES
Um dos grandes desafios da empresa passa pelo enquadramento de 40 famílias do Aldeamento nº 1 no ciclo de produção de leite que deve ultrapassar os actuais oito mil litros diários. Isso passa também pelo aumento de bovinos que andam à volta de mil cabeças.
O projecto Aldeia Nova produz 300 mil ovos diários, tem 11 lojas (mas não em Luanda por causa da distância e mau estado das estradas) e emprega 750 pessoas, na sua maioria, ex-militares.
O arranque, em 2007, absorveu cerca de 70 milhões de dólares, mas, antes da sua transformação em sociedade anónima, em 2011, encontrava-se em declínio. Embora o Governo nunca tenha reconhecido a ‘calamidade’, a verdade é que “acabou mesmo por ser um fiasco porque o Estado não deve e não sabe fazer agricultura”, segundo o empresário e técnico agrário José Monteiro.
Kobi Trivizki rejeita falar do passado “porque não viu nada” e recusa-se abordar as avultadas dívidas do Governo ao projecto por considerar “ser um problema que cabe a quem de direito responder”, mas avisa que, “enquanto estiver à frente do ‘Aldeia Nova’, o projecto não vai afundar”.
Pelos cálculos, depois de passar para sociedade anónima, há sete anos, a unidade industrial já gerou cerca de 350 milhões de dólares. Actualmente, as receitas anuais rondam os 50 milhões de dólares.
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