Aliko Dangote: o homem da fortuna de betão
CONSTRUÇÃO CIVIL. Enquanto os empresários nigerianos investiam e pensavam apenas no petróleo, Aliko Dangote apostava nos negócios alternativos: investiu no arroz, açúcar, sal, farinha e sobretudo no cimento. Em poucos anos, acumulou uma fortuna avaliada em 17 mil milhões de dólares, com a ajuda dos amigos políticos. Hoje é o mais rico de África.
O homem mais rico de África - de acordo com a avaliação da revista Forbes - confessou recentemente já não se lembrar quando viajou num voo comercial. Ao seu serviço, tem dois aviões e é com eles que se desloca de férias, para receber prémios, para participar em conferências para as quais é convidado ou, mais importante, para controlar os negócios em destinos como China, Índia, Gana, Togo, Benin e África do Sul.
Filho de um negociante de jinguba, que chegou a ser o principal produto das exportações da Nigéria durante décadas, nascido numa família muçulmana, Aliko Dangote aliou os conhecimentos milenares dos islâmicos para os negócios com o que aprendeu na licenciatura de gestão, terminada aos 20 anos, em 1977, na Universidade de Al-Ahzar, no Cairo, do Egipto. Nasceu em Kano, uma das principais cidades nigerianas, dominada pelos fulani, um povo que foi nómada, mas sempre com forte tendência para o negócio.
Cedo abraçou o comércio, começando pelo açúcar e cimento, aproveitando um empréstimo de um tio. Na década de 1980, os nigerianos deliravam com o petróleo e o país girava à volta disso. Aliko Dangote não se deslumbrou e preferiu trilhar por outros caminhos, como o comércio de produtos alimentares e materiais de construção civil. Mas foi o cimento que lhe permitiu acumular a fortuna que ostenta hoje: mais de 17 mil milhões de dólares. Foi também o cimento que lhe permitiu, em 2007, ser o primeiro bilionário africano. E foi ainda graças ao cimento que fez amizades políticas, algumas ao mais alto nível, como com o ex-presidente Jonathan Goodluck, que o ajudaram a construir o império. Aliás, recebeu das mãos do antigo líder da Nigéria a mais alta distinção do país: ser membro da Ordem da República Federal. Em todas as eleições, especialmente locais, Dangote nunca deixou de apoiar alguns candidatos.
Essas ligações políticas atravessam fronteiras e passam gerações. Analistas económicos chamam-lhe mesmo o ‘método Dangote’ que o leva também a ser amigo pessoal dos presidentes da Costa do Marfim, Camarões, Senegal e, claro, da Nigéria. São esses amigos que lhe elogiam a “enorme agilidade intelectual” e a “coragem por correr riscos financeiros”. A mais prestigiada revista africana, Jeune Afrique, não hesita em classificá-lo como um ‘cowboy’ nigeriano, por ser “extremamente rápido, mesmo brutal, a tomar decisões”.
Hoje, os negócios estão cimentados no maior grupo industrial da Nigéria que emprega mais de 12 mil pessoas, com a sede localizada na capital, Lagos, onde vive com a mulher e dois filhos. Numa recente entrevista à CNN, garantiu que corre todos os dias, a começar às 6h da manhã, percorrendo 15 quilómetros diários, mas que trabalha 12 horas por dia.
O crescimento vertiginoso da fortuna de Aliko Dangote está bem patente nos números: em 2011, era avaliada em 11 mil milhões de dólares, em 2016, roça os 17 mil milhões. Em seis anos, o empresário nigeriano trepou o ‘ranking’ da Forbes, chegou mesmo a ultrapassar o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, e só voltou a descer porque também foi ‘vítima’ da crise do petróleo, com a redução dos projectos na construção civil. Atento, nos últimos anos, dedicou-se aos investimentos na banca, nos seguros, no imobiliário e no vestuário e é apontado como interessado em comprar clubes de futebol ingleses, sobretudo o Arsenal.
Na entrevista à cadeia de televisão norte-americana, Aliko Dangote não esconde o orgulho por estar “a cumprir com algo grandioso para o país” e confessa-se convencido de que nasceu para ter a missão de “criar empregos”. Nessa mesma entrevista, assegura que a Nigéria é “o melhor lugar para investir e um dos melhores lugares para ganhar dinheiro” onde “um investimento tem a garantia de ser o segredo mais bem guardado”. Apesar da crise, Dangote prevê abrir mais fábricas na Nigéria e a continuar a apoiar as famílias mais carenciadas que vivem nas imediações da sede do grupo, em Lagos. À CNN, revelou ter intenções de dobrar a capacidade das fábricas de cimento que hoje já são as maiores do mundo.
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