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Ambientalistas consideram que manutenção do Programa de Arborização de Luanda deixa “sérias dúvidas”

AMBIENTE. Governo de Luanda calcula em mais de um milhão o número de árvores a serem plantadas na capital até 2027, mas falta de envolvência de especialistas e da sociedade levanta interrogações de ambientalistas.

Ambientalistas consideram que manutenção do Programa de Arborização de Luanda deixa “sérias dúvidas”

Programa de Arborização de Luanda (PAL), lançado na semana passada pelo governo provincial, deve registar uma taxa de sucesso “bastante reduzida”. 

Esta é, pelo menos, a previsão dos ambientalistas Belmiro Pascoal e Alberto Castro que justificam a tese, com a falta de auscultação dos principais especialistas da área.

Belmiro Pascual, por exemplo, considera ser simples plantar árvores, mas alerta para a necessidade de se ter em conta o processo de manutenção e escolha correcta dos métodos e de espécies a serem implementados. “Acredito que a taxa de sucesso com relação ao PAL será reduzida, abaixo de 20%, por não corresponder às aspirações técnicas ambientais”, vaticina. O também director executivo da EcoAngola diz que a manutenção seria o programa em si e acrescenta que, tendo em conta que se vai plantar um milhão de árvores, é necessário saber quais espécies fazem parte do programa. “Por que foram escolhidas estas espécies, como será a distribuição das plantas por município ou distrito, a taxa de sucesso (sobrevivência e desenvolvimento das plantas), como será o sistema de abastecimento de água e quem será o responsável pela conservação das zonas de plantação, como estamos em termos de envolvimento da comunidade no processo da PAL?”, questiona, acrescentando que, “se as ONG fossem consultadas, poderiam ajudar a responder tais perguntas, envolvendo a sociedade civil como parte do programa”. Sobre as áreas que precisariam “urgentemente” da implementação, Belmiro Pascual entende que “todas as zonas de Luanda são parte desse plano, mas aponta os municípios de Luanda,  Viana, Cazenga e Kilamba Kiaxi, como prioridades por “serem municípios com espaços mais abertos para a arborização e pela pobreza estética natural que os bairros apresentam”.

O ambientalista lamenta o facto de muitas organizações ambientais detentoras de projectos exequíveis não receberem apoio e diz ser necessário buscá-las e colocar à mesa os projectos que têm em termos de soluções ambientais e climáticas.

Alberto Castro, outro ambientalista, entende que em Angola há especialistas na área que poderiam ser consultados muito antes da implementação do PAL. “A ideia de arborizar Luanda é louvável, mas há questões que devem ser levadas em conta, por exemplo, a da auscultação aos ambientalistas que entendem de facto de arborização”, remata. 


EDUAÇÃO AMBIENTAL PRECISA-SE

Alberto Castro defende que a maioria dos problemas ambientais vividos hoje estão directamente relacionados ao estilo de vida moderno adoptado pela sociedade, marcado “por um consumo exagerado e práticas bastantes insustentáveis”. 

“Por esta razão, é importante implementar a educação ambiental nas escolas, para preparar cidadãos conscientes quanto às questões ambientais, que contribuam para preservar o ambiente e ter melhor qualidade de vida”, aconselha. O ambientalista recorda que, em Angola, a educação ambiental é um direito de todos, garantido pela Constituição da República, no seu artigo 39º, sublinhando que “todos têm o direito de viver num ambiente sadio e não poluído, bem como o dever de o defender e preservar”.

Para Alberto Castro, o actual sistema de educação angolano apresenta “diversas debilidades”, como a fraca participação dos pais no processo de formação, a desfasada estrutura física, metodológica e didáctica nas escolas, somadas à constante desvalorização de quadros e à falta de investimento no sector, que impedem que se tenha um ensino de qualidade e excelência sobre a matéria ambiental.

O governo de Luanda procedeu, na última sexta-feira, 15, ao lançamento do Programa de Arborização de Luanda, no Hotel Intercontinental em Luanda, que visa, entre outros, desenvolver campanhas de sensibilização e educação ambiental em escolas, hospitais, igrejas e demais provincial prevê plantar mais de um milhão de árvores até 2027 e 10 milhões até 2034, “para garantir melhores condições de vida e de saúde públicas a nível da província”. O Governo, não avançou, entretanto, o custo do programa.