Angola Cables à espera de licença para avançar com fibra óptica
TELECOMUNICAÇÕES. A concretização do projecto da Angola Cables, que visa ligar Angola à América, através de um cabo submarino de fibra óptica, está dependente de autorizações de Angola e do Brasil. O plano está orçado em 300 milhões de dólares e pretende melhorar as telecomunicações entre ambos os pontos do planeta.
A empresa de conectividade internacional de telecomunicação, Angola Cables, está à espera de autorização das autoridades angolanas e brasileiras para arrancar com o projecto de construção do cabo submarino, SACS, que vai ligar Angola ao continente americano. As licenças estão relacionadas com a permissão de entrada de navios e pessoais para os territórios do Brasil e de Angola, bem como para a realização de estudos de impacto ambiental.
Segundo o responsável do departamento de marketing da Angola Cables, António Costa, que não precisou quando serão emitidas as licenças nem há quanto tempo a empresa espera pelos documentos, o projecto SACS está ainda em fase de preparação do estudo geológico da rota por onde passará o cabo no mar. Este estudo, tecnicamente chamado de desktop survey, deverá começar ainda este mês. Finalizado este processo, explica António Costa, segue-se a fase de estudo das informações do levantamento, que dará informações para a construção física do cabo e a configuração do sistema de comunicações por fibra óptica.
O projecto está avaliado em 300 milhões de dólares e inclui a construção de um outro cabo submarino, o Monet, que ligará Santos e Fortaleza, no Brasil, a Boca Raton, nos Estados Unidos da América, enquanto o SACS ligará Luanda, em Angola, a Fortaleza, no Brasil. No SACS e no Datacenter, em Fortaleza, a Angola Cables é a única investidora, mas, no Monet, a empresa angolana está a custear a construção de apenas 33% do cabo submarino, contando com a parceria de outros agentes estrageiros do mercado das telecomunicações.
“Os projectos são iniciativas da Angola Cables, numa aposta dos seus accionistas em criar uma rede internacional de fibras ópticas submarinas, na zona do Atlântico e concretizar o objectivo de fazer de Angola um dos hubs de telecomunicações em África”, explica a gestora de marca, da empresa, Katyla Silva, avançado que a crise financeira que Angola enfrenta não está a ‘atrapalhar’ o calendário de implementação do projecto.
“As ideias surgem na sequência das necessidades ou pelo surgimento de oportunidades. Neste caso a Angola Cables está a conjugar ambas. Esta rede faz parte de uma estratégia de desenvolvimento do país e traçada pelo executivo angolano. A Angola Cables está a ser o veículo dessa estratégia e a conjugar os vários factores, que tornam este sonho em realidade”, argumenta a gestora de marca.
O SACS, que liga Fortaleza a Luanda, vai ser o primeiro cabo transatlântico do hemisfério Sul, o que, segundo os investidores, deverá colocar Angola no panorama internacional das telecomunicações, em particular na relação com o Brasil, no que se refere ao transporte de conteúdos digitais entre os dois países. O cabo vai ter um cumprimento de 6,165 quilómetros, estando a conclusão da empreitada prevista para o primeiro trimestre de 2018. No entanto, não foi precisada a data de conclusão da obra de Monet, que liga Angola ao Norte do continente americano.
Embora tenha sido criada em 2009, Angola Cables, que tem cerca de cem funcionários, em Angola e Brasil, abriu portas em 2012, aquando da inauguração da Estação de Cabos Submarinos de Sangano, que Liga o país ao West African Cable System, que atravessa a costa oeste africana ligando-a à Europa. A empresa é o fornecedor dos principais operadores de serviços baseados em novas tecnologias de informação, nomeadamente, operadores de telefonia móvel, provedores de internet e distribuidores de conteúdos, como aplicativos e softwares em cloud (capacidade de computação infinitamente disponível e flexível).
A natureza do negócio de cabos submarinos de fibra óptica, sublinha Katyla Silva, é internacional. “Quer dizer que podemos prestar serviço aos operadores de telecomunicações em Angola, mas também a entidades estrangeiras que tenham necessidades de ligações dedicados a outros pontos em África, Europa ou Ásia ou acesso a redes ou conteúdos que se encontram disponíveis na internet”.
JLo do lado errado da história