ANGOLA GROWING
ACORDO IMPÕE CORTE DE 29 MIL BARRIS/DIA

Angola com a produção mais baixa desde que é membro da OPEP

PETRÓLEO. Acordo de corte na produção da OPEP impõe um corte de 29 mil barris/dia a Angola que, desta feita, baixa para níveis nunca alcançados, num semestre ou ano, desde 2007. Em Novembro, já se produziu muito menos.

 

Angola com a produção mais baixa desde que é membro da OPEP

A produção petrolífera de Angola, no primeiro semestre de 2019, será a mais baixa desde que se tornou membro da OPEP, em 2007, por força do acordo do cartel de cortar 1,2 milhões de barris/dia até Junho.

Segundo uma fonte do Ministério dos Recursos Minerais e Petróleos, Angola terá de cortar 2% da produção, tendo como base os cálculos de Outubro que foi 1.457 mil barris/dia. Ou seja, cortará cerca de 29 mil barris/dia, o que fixa a produção média diária em 1.428 mil barris. “A quota anterior é para esquecer. A referência agora é a produção de Outubro”, reforça a fonte, lembrando que esse corte não será sobre a produção actual ou a que Angola tem direito, desde o acordo de 2016, mas que nunca conseguiu alcançar por incapacidade técnica.

A produção imposta agora só supera a de 2006 que foi de 1.385 mil barris. E representa um défice de cerca de 142,5 mil barris/dia, pouco mais de 9,97%, face à produção média prevista no Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2019, que é de 1.570,5 mil barris/dia.

Um mal menor…

O cenário reforça a corrente que defende a revisão do OGE e que, até então, tinha como principal razão a tendência decrescente do preço do petróleo que, no dia em que o orçamento foi aprovado na generalidade pelos deputados, esteve a ser negociado abaixo dos 68 dólares, previstos no documento.

No entanto, o corte de 29 mil barris/dia representa um ‘golpe’ mais brando comparativamente ao perspectivado por diversos especialistas internacionais na sequência da reunião da OPEP que se realizou a 7 de Dezembro, em Viena.

Não tinham sido divulgadas as quotas para cada um dos membros e passaram-se a fazer extrapolações e estimativas. Para o caso de Angola, estimava-se uma redução de entre 2,5% e 3% ou entre 37,978 e 45,775 mil barris por dia. O cenário mais optimista, por exemplo, colocaria a produção média diária de Angola em cerca de 1.419 mil barris. Ou seja, o défice face à projecção orçamental seria de cerca de 151,5 mil barris/dia.

…A realidade é pior

A produção de Angola de Novembro, entretanto, ficou abaixo da acordada para o primeiro semestre de 2019. Segundo dados da OPEP, a produção média diária foi de 1.417 mil barris. Ou seja, registou-se um défice de 40 mil barris/dia, comparativamente à produção de Outubro e de 11 mil barris/dia face à produção a que Angola tem direito. A situação leva a questionamentos, nomeadamente se se registaria défice na produção como aconteceu depois do acordo de 2016, que fixou para Angola a produção média diária de 1.673 mil barris. Mas a produção efectiva esteve sempre abaixo da referida cifra e com tendência de queda. Em 2017, primeiro ano de implementação do acordo, foi de 1.632 mil barris/dia. No primeiro trimestre de 2018, a média diária foi de 1,519 barris/dia e baixou para 1.477 mil barris no segundo trimestre. Já no terceiro trimestre foi de 1,475 mil/dia.

…A depender da volatilidade do preço

As incertezas continuam em relação ao preço, considerando a pressão de Donald Trump para colocar o barril abaixo dos 50 dólares e o objectivo da OPEP e aliados em chegar aos 70 dólares. No dia da reunião, registou-se uma inversão na tendência de queda dos dias que antecederam o encontro, passando de 60,06 para 61,67 dólares.

A tendência decrescente voltou a registar-se nos dias subsequentes até 10 de Novembro quando o preço chegou aos 59,97. Registou-se posteriormente uma tendência crescente até no dia 12, quando fechou a 60,65. E, no último dia da semana passada, esteve a ser negociado a 60,32 dólares. Ainda distante dos 78 dólares que tem sido indicado, por especialistas, como o preço ideal para Angola por razões orçamentais, apesar de ter elaborado o orçamento com o barril a 68 dólares. A diferença seria destinada à compensação do défice da produção.