OPEP E RÚSSIA DISCUTEM ‘PACTO DE REDUÇÃO’ EM VIENA

Angola defende corte da produção para 2019

PETRÓLEO. Queda da oferta angolana e sanções norte-americanas sobre o Irão e a Venezuela podem provocar aumento da produção de petróleo da Rússia e Arabia Saudita para que se mantenha a oferta nos 32,5 milhões de barris/dia.

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Angola vai apoiar o prolongamento para 2019 do acordo de corte de produção do petróleo bruto entre membros da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) mais a Rússia, apurou o VALOR de fonte presidencial.

A manutenção, ou não, do ‘pacto de redução’, que deve terminar dentro de seis meses, estará em discussão na próxima reunião da OPEP (mais a Rússia), agendada para 22 de Junho, em Viena, na Áustria. De acordo com a fonte presidencial, Angola vai solidarizar-se com os demais membros do cartel que poderão votar a favor da manutenção.

“Não nos interessa ter o preço muito alto devido à possibilidade de o petróleo não convencional ganhar mercado”, argumentou.

No entanto, algumas vozes entendem que a posição de Angola em manter o acordo também é justificada pela incapacidade de aumentar a produção, que se encontra abaixo da quota a que tem direito (1,673 milhões de barris em média diária). Em Abril, a produção foi de 1,523 milhões de barris.

O acordo, em vigor desde 2016, terá já cumprido o seu papel ao eliminar o excedente do crude nos mercados internacionais, levando os preços a roçarem os 80 dólares por barril contra os menos de 50 dólares praticados há três meses. No entanto, as sanções aplicadas ao Irão e à Venezuela pelos EUA deverão comprometer as intenções da OPEP em fixar a produção de petróleo bruto em 32,5 milhões de barris/dia contra os anteriores 33,7 milhões de barris/dia.

Além da queda da oferta do petróleo dos dois países sancionados pelo governo norte-americano, o declínio de alguns membros, como é o caso de Angola, também dificulta atingir os estipulados 32,5 milhões de barris/dia. Por isso, a Rússia e a Arábia Saudita ponderam a possibilidade de aumentar a produção para mantê-la nos níveis desejados e colmatar o défice. Este é outro tema que estará sobre a mesa e que, certamente, obterá consenso, segundo a fonte, que apresenta como razão a decisão do grupo em não pretender que o preço suba muito.

A produção de Angola poderá baixar ainda mais. “Até ao fim da legislatura, temos de assegurar que a produção do petróleo não baixe a menos de 1,5 milhões barris/dia, uma vez que temos compromissos com a OPEP de 1,6 milhões barris/dia”, afirmou o ministro dos Recursos Minerais e Petróleo, Diamantino Azevedo, durante o conselho consultivo de Maio.

O governante, que deverá estar presente na reunião de Viena, explicou que o declínio na produção do petróleo se deveu à falta de investimento na prospecção, pesquisa e exploração. Para inverter a situação, continuou o ministro, há necessidade de mais investigação e estudos para se obter reservas possíveis de serem exploradas, “uma situação que exigirá tempo e investimentos”.

De acordo com o ‘pacto de redução’, a produção petrolífera de Angola deve fixar-se nos 1.673.000 barris/dia, cortando a produção na ordem dos 78.000 barris/dia. No entanto, devido ao ‘envelhecimento’ dos poços, a produção está abaixo do estipulado.

Em Março, por exemplo, a produção de petróleo já tinha registado uma quebra superior a 18.000 barris diários, segundo relatório da OPEP, enquanto em Abril o declínio se fixou nos 7.800 barris, atingindo neste mês uma produção diária de 1,5 milhões de barris de petróleo.

O relatório da OPEP refere também que, em termos de ‘comunicações directas’ ao cartel, Angola terá produzido 1,498 milhões de barris de petróleo por dia em Abril, um aumento equivalente a 2.000 barris diários, face a Março. Enquanto a Nigéria aumentou o volume, oficialmente, em 164.700 barris diários, para 1,724 milhões em Abril.

Em 2016 e até Maio de 2017, Angola liderou a produção de petróleo em África, posição que perdeu para a Nigéria. No entanto, o país continua entre os três principais fornecedores de petróleo à China, com uma quota de 10% do total, atrás da Rússia (15%) e da Arábia Saudita (12%).