Angola deixa a OPEP a partir de Janeiro em “em defesa dos seus interesses"
O Governo anunciou a saída de Angola da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), 16 anos depois da adesão.
A informação foi avançada pelo ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Pedro Azevedo, à margem de uma reunião do Conselho de Ministros e já está publicada em Diário da República.
No Diário da República consultado pelo VE, o Governo justifica a decisão com a “necessidade” de o Executivo concentrar “esforços na implementação das estratégias do sector petrolífero, aprovadas no Plano de Desenvolvimento Nacional para o período 2023/2027”.
Angola já tinha dado sinais de que pretendia abandonar a OPEP. As últimas reuniões do cartel foram marcadas por um desentendimento entre Angola e a organização internacional.
“Angola sempre cumpriu com as suas obrigações e lutou o tempo todo para ver a OPEP se modernizar, ajudar os seus membros a obter vantagens. Sentimos que neste momento Angola não ganha nada mantendo-se na organização e, em defesa dos seus interesses, decidiu sair “, explicou Diamantino Azevedo, na sala de imprensa do Palácio Presidencial.
A 30 de Novembro, a OPEP+ definiu o corte de dois milhões de barris diários para o conjunto dos membros do cartel, tendo atribuído a Angola a quota de 1.110 milhões de barris/dia, cerca de 50 mil barris acima da produção prevista por Angola no Orçamento Geral do Estado de 2024.
António Vieira, especialista em petróleo, declarou ao VE, que o país “não tem condições de produzir os volumes inscritos no OGE, muito menos ainda a quota que reivindica”, considerando “não ter sentido a birra de Angola. “Isso é só uma birra de menino mimado, não tem sentido. A nossa produção está a baixar de qualquer maneira, a nossa quota não tem grande efeito. Se os outros países estão a reduzir para a manutenção de preços altos, estou de acordo que se faça a redução”, defendeu, argumentando ser “preferível” vender mil barris por 100 dólares a vender 1.100 mil barris a 70 dólares.
António Vieira considerava a redução “benéfica” para os produtores e lamentava que os países que não conseguiam ver este quadro, aconselhando o Governo angolano a abandonar a organização, se não concordasse com as medidas. “Ninguém é obrigado a estar lá, se está lá é de forma voluntária”.
Angola e Nigéria foram ‘penalizadas’ pela incapacidade que têm demonstrado de alcançar a produção que lhes tem sido atribuída nos acordos da OPEP+. No caso do acordo em vigor, que se prolonga de Novembro de 2022 até Dezembro deste ano, beneficiaram de um ‘perdão, dos parceiros. Na ocasião, a organização usou como base para o corte a quota atribuída no acordo anterior e não a produção efectiva como aconteceu nos acordos anteriores.
Venâncio Mondlene acusa João Lourenço de temer reabertura do processo ‘dívidas ocultas’