ANGOLA GROWING
DEVIDO AO DÉFICE DA PRODUÇÃO

Angola deixa de ganhar 7 mil milhões USD com o aumento do preço

PETRÓLEO. Tendência da produção interna é de redução e é contrária aos sinais de crescimento acelerado do preço do petróleo que, na semana passada, atingiu um recorde dos últimos três anos.

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Cerca de sete mil milhões de dólares seria o valor que o país deixaria de ganhar devido à quebra na produção, caso o barril de petróleo continue a subir e o preço médio, em 2018, termine em 75 dólares, como perspectivam especialistas internacionais.

Os cálculos são do VALOR (considerando uma taxa de rentabilidade interna que atribui à concessionária 60% do petróleo lucro) e fixam em cerca de 41 mil milhões de dólares as receitas brutas em caso de a produção manter-se nos níveis actuais (cerca de 1,5 milhões de barris por dia).

Esse valor passaria para cerca de 46 milhões se a produção interna permanecesse em 1,673 milhões de barris/dia, que é a produção imposta pelos acordos entre os países produtores de petróleo para pressionar a subida do preço e que entrou em vigor em Janeiro de 2017.

No entanto, considerando a possibilidade de se terminar o acordo na sequência das sanções contra o Irão, Angola poderia voltar a produzir a quantidade anterior ao acordo, 1,751 milhões. Assim, as receitas brutas passariam para 48 mil milhões de dólares. Ou seja, registar-se-iam perdas de cerca sete mil milhões de dólares, cerca de 19% face ao máximo possível estimado.

Areceita do Estado, no cenário actual, seria de 15,7 mil milhões de dólares face aos potenciais 18,4 mil milhões, o que representaria uma perda de cerca de 14,6%.

Com o referido quadro, Angola estaria fora do grupo dos produtores petrolíferos que melhor aproveitariam a subida do preço de petróleo que seria proporcionada pelo eventual retorno das sanções contra o Irão, que produz cerca de 3,8 milhões de barris/dia.

A decisão deve ser conhecida a 12 de Maio. Enquanto isso, especialistas sugerem que a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e o petróleo norte-americano estarão em condições de compensar a saída do Irão. Angola dificilmente conseguiria manter-se no grupo dos que, pelo menos, vão garantir a mesma quantidade que têm estado a fornecer.

Pela tendência decrescente da produção, o país será apanhado em contramão pela maior procura do petróleo e, consequentemente, estará entre os que não vão aproveitar convenientemente o momento.

Apesar de concordar com a leitura, José Oliveira considera “exagerado” considerar que Angola “estaria fora dos maiores beneficiados”. Fixa em cerca de 10% a perda de Angola face ao potencial de ganhos com a subida do preço. “Qualquer aumento de preços beneficia Angola e todos os exportadores. Perdemos cerca de 10% do máximo que poderíamos beneficiar se estivéssemos a produzir ao nível da nossa quota actual, que é de cerca de 1.670.000 b/d. Estamos pouco acima dos 1.500.000 b/d”, explica o especialista em questões energéticas para depois lembrar que “o facto de Angola estar a produzir abaixo da sua quota há mais de um ano, tem contribuído para o regresso ao equilíbrio do mercado que só será atingido lá para o final deste ano”.

Por sua vez, o secretário de Estado dos Petróleos, Paulino Jerónimo, admite possíveis perdas a curto prazo. “Depende do que vocês estão a ver como horizonte temporal, porque novos projectos entrarão em produção. Por exemplo, este ano já entrou em produção o Ochingufo do bloco 15/06 e, em Agosto, entrará em produção o Kaombo do bloco 32 e, a partir do próximo ano, entrarão outros projectos como o Zínia fase 2, Clov fase 2 e Dalia fase 3 e outros.”

O governante concorda que os frutos destes novos projectos “não terão impacto” entre 2017 e 2020. “Não exactamente, mas próximo. Houve alguns atrasos na aprovação de algumas medidas bem como de alguns projectos. Por exemplo, em campos marginais, temos cerca de quatro mil milhões de reservas, serão muitos projectos a terem início. O futuro é promissor.”

Petróleo, preço máximo

A tendência do preço do petróleo é de crescimento a nível acelerado e existe um, consenso que não é tanto pelo equilíbrio do mercado petrolífero proporcionado pela decisão da OPEP de reduzir a oferta. É, sobretudo, pela questão geopolítica. Na passada semana, o preço atingiu o máximo histórico dos últimos três anos: 74 dólares.