APESAR DA OPERAÇÃO ‘CARNE FRACA’

Angola gasta 42,5 milhões USD para adquirir carne brasileira

IMPORTAÇÃO. Operação ‘Carne Fraca’ não impediu as importações de Angola ao Brasil. Compras de Janeiro a Julho deste ano foram superiores a 11 mil toneladas.

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Angola continua a ser um dos maiores importadores de carne do Brasil, mesmo depois do escândalo apelidado de ‘Carne Fraca’, baseado numa operação da Polícia Federal brasileira às maiores empresas do ramo, acusadas de adulteração do produto comercializado internamente e exportado.

No seguimento da investigação, o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural também proibiu a importação de carne das 21 empresas brasileiras visadas, mas os números do primeiro semestre indicam que o escândalo não teve efeitos nas compras angolanas.

De Janeiro a Julho deste ano, o país gastou 42,5 milhões de dólares na importação de 11.729 toneladas de carne do Brasil, o que representa um aumento de 160% em relação ao mesmo período do ano passado, altura em que as importações se fixaram nos 16,3 milhões de dólares para 5.065 toneladas, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC).

O país é o décimo quinto maior importador do ‘gigante’ da América Latina e foi o segundo maior importador africano neste período a seguir ao Egipto. A lista dos maiores importadores continua a ser liderada por Hong-Kong e pela China, apesar das reservas levantadas por esses dois territórios à carne brasileira. A carne ‘in natura’ foi a mais importada por Angola até Julho e também a mais exportada pelo Brasil. Foram no total 4.287 toneladas, com Angola a figurar na vigésima posição entre os maiores importadores. Nas exportações de carne salgada, Angola lidera a lista, seguida dos Estados Unidos.

O país comprou 3.767 toneladas por 19,8 milhões de dólares. O resto da compra foi preenchido pela carne designada por ‘miúdos’ e pela industrializada. O Ministério da Agricultura, através de um despacho de 9 de Maio, assinado pelo ministro Marcos Nhunga, proibiu as importações a 21 estabelecimentos empresariais visados no processo, cujas irregularidades foram confirmadas pelas autoridades brasileiras.

O despacho referia que os laboratórios nacionais de controlo e qualidade alimentar deveriam proceder à análise e certificação de todas as mercadorias à chegada e a necessidade de reforçar a inspecção e a fiscalização das carnes provenientes do Brasil.

Assim como as carnes bovinas, Angola tem sido também dos mercados que mais contribuem para o crescimento das exportações brasileiras de carne de frango, segundo o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra. Em entrevista a uma agência de notícias no Brasil, Turra declarou que a operação ‘Carne Fraca’ acabou por ter um efeito contrário nos operadores angolanos e que as compras tinham “voltado com muito mais força”.

Além de Angola, alguns países africanos como o Congo, Benim, Moçambique também aumentaram as compras de frango, revelou o empresário. A estimativa é de que 63% dos países africanos estejam a comprar a carne do Brasil.