OPEP prolonga acordo de cortes

Angola mantém produção nos 1,6 milhões de barris diários até 2018

PETRÓLEO. Acordo anterior entre os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) estabelecia o limite de cortes para Junho deste ano, mas a contínua volatilidade nos mercados internacionais leva o cartel a esticar a medida.

 

Angola vai manter o corte diário de 78.000 barris e fixar a sua produção nos 1.673.000 barris por dia até Março de 2018, conforme recomendação da OPEP sobre a redução da produção global do cartel. A decisão foi tomada na semana passada no decurso da 172ª Conferência Ministerial da OPEP, em Viena, Áustria, em que foi decidido o prolongamento do corte da produção diária de petróleo por mais nove meses. O ministro dos Petróleos, Botelho de Vasconcelos, representou o país no encontro. Em finais de 2016, os Estados-membros da organização tinham aprovado um corte de 1,8 milhões de barris por dia, para reduzir o excesso de oferta e forçar a subida do preço nos mercados.

O acordo entrou em vigor em Janeiro de 2017 e terminaria já em Junho deste ano. O objectivo da OPEP, que conta com a colaboração da Rússia, o maior produtor fora da organização, é evitar que o preço do barril recue abaixo dos 50 dólares. A concertação de 2016 a foi de reduzir a produção de 33,7 milhões para 32,5 milhões de barris diários.

No entanto, A Nigéria e a Líbia, membros da organização, por causa da instabilidade política e militar internas, ficam de fora do acordo, não tendo de cumprir qualquer limite à produção. O Irão passa a ser abrangido. ARússia está a cooperar com o cartel pela primeira vez em 15 anos. O anúncio do prolongamento do corte de produção diária teve reação imediata nos mercados e os preços baixaram mais de 3% em Londres e em Nova Iorque, as maiores bolsas do mundo.

RECEITAS AUMENTAM 6,5%

O Ministério dos Petróleos mostra-se favorável ao alargamento dos prazos dos cortes, pois acredita que o país tem beneficiado da medida. O Orçamento Geral do Estado (OGE) revisto de 2017 foi aprovado com previsão do preço do barril na ordem dos 46 dólares, mas, durante os últimos dois meses, o preço tem roçado os 50 dólares, fruto da redução.

A receita fiscal angolana com a exportação petrolífera, por exemplo, também aumentou 6,5% em Abril para mais de 760 milhões de euros, aproximando-se de novo dos máximos do início do ano, que foi o melhor registo em 16 meses.

Dados do Ministério das Finanças sobre as receitas com a venda de petróleo indicam que o país exportou 48.579.198 barris de crude em Março a um preço médio de 49 dólares. Este aumento é superior a 110 mil barris face ao mês de Março, mas com o preço médio a descer, no espaço de um mês, cerca de dois dólares. Desta forma, as vendas totais de petróleo ascenderam a 2.384 milhões de dólares em Abril.

Em Janeiro, a exportação angolana fixou-se nos 52.250.079 barris de crude, a um preço médio de 51 dólares, gerando receitas fiscais de 158,9 mil milhões de kwanzas, valor que só tem paralelo com Outubro de 2015. Já em Abril, essas receitas fiscais, relativas a 12 concessões de produção petrolífera, chegaram aos 141.585 milhões de kwanzas, enquanto em Março ascenderam a 132.983 milhões de kwanzas.

Em 2014, Angola exportava cada barril a mais de 100 dólares, mas o valor chegou a mínimos de vários anos em Março de 2016, quando a unidade se cifrou em 30,4 dólares. Cada barril de crude vendido por Angola em Abril ficou, em média, cerca de três dólares acima do valor que serviu de base à elaboração do Orçamento Geral do Estado para 2017, que é de 46 dólares.

Depois de Viena de Áustria, o ministro Botelho de Vasconcelos participará, de 31 de Maio a 3 de Junho em Baku-Azerbaijão, na 24ª Conferência e Exibição Internacional de Petróleo e Gás da Região do Cáspio. De acordo com a organização, o evento constitui uma oportunidade para discussões multilaterais sobre áreas energéticas de interesses comuns.