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Angola não participa na reunião de 24 Julho na Rússia

CRUDE. Produção de petróleo da Nigéria e Líbia estará a influenciar negativamente intenções da OPEP de subir preços do barril do crude. Países africanos, isentos do ‘pacto do corte’, foram chamados à reunião da próxima semana na Rússia, enquanto Angola não participa.

 

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Angola não participa na reunião da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) que terá lugar a 24 de Julho, na cidade russa de São Petersburgo, segundo o director do gabinete de comunicação do Ministério dos Petróleos, Miguel Né.

“Esta é uma reunião técnica do comité de acompanhamento das acções acordadas na declaração assinada em 2016, sobre cortes de produção, entre os países membros da OPEP e não-OPEP. Angola não é membro deste comité”, explica Miguel Né.

Na reunião da próxima semana, coordenada pelo Kuwait, o Comitê de Acompanhamento Ministerial Conjunto deverá abordar o ponto de situação, bem como os níveis de cumprimento do acordo sobre o corte da produção do petróleo bruto, entre os membros da organização mais a Rússia. Nigéria e Líbia, países da OPEP, mas isentos do ‘pacto da redução’, foram convidados a participar no encontro de São Petersburgo.

Segundo especialistas, a produção isenta de cortes dos dois países africanos estará a pôr em causa as intenções da OPEP de fazer subir o preço do barril de petróleo, nos mercados internacionais, razão pela qual deverão fazer parte da reunião do comité técnico do cartel. Aventa-se ainda a possibilidade de o painel de monitoramento sugerir a imposição de limites na produção destes dois países-membros.

O especialista angolano em petróleo José Oliveira entende que a influência ‘negativa’ dos isentos ao corte depende do volume de produção que venham a atingir. “Se a Nigéria passar o nível de 1,6 milhões de barris/dia e a Líbia o de 1,2 milhões de barris/dia, então, sim, dificultam a recuperação de preços”, afirmou o académico, acrescentando que, “se esta situação vier a verificar-se, o processo de equilíbrio do mercado petrolífero mundial vai atrasar-se e poderá não acontecer como previsto no fim do segundo trimestre do próximo ano, ou seja a meio de 2018”.

José Oliveira, que também é investigador do Centro de Estudo e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola, afirmou ainda que o que igualmente dificulta a subida dos preços do barril “são os elevados excedentes de quase 300 milhões de barris nos stocks dos países desenvolvidos integrados na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), razão pela qual a OPEP teve de optar pelo corte da produção para desencharcar o mercado”.

Angola faz parte do ‘pacto de redução’, por isso a sua produção de petróleo bruto deve fixar-se nos 1.673.000 barris por dia, até Março de 2018, mantendo-se o corte da produção nos 78.000 barris/dia. A concertação de 2016 do cartel foi de reduzir a produção de petróleo bruto de 33,7 milhões para 32,5 milhões de barris por dia. A próxima reunião do Comitê de Acompanhamento Ministerial Conjunto da OPEP deverá ocorrer a 30 de Novembro.