Angola pode ‘beneficiar’ do défice de produção
PETRÓLEO. OPEP vai cortar 800 mil barris/dia, enquanto a Rússia e aliados se responsabilizarão pelo corte de 400 mil barris. Angola já produz abaixo da quota a que tem direito desde 2016, o que provoca interrogações...
A reunião da Organização dos País Produtores de Petróleo (OPEP) e os países aliados, realizada no dia 7 de Dezembro, em Viena, não trouxe grandes novidades, acabando por se confirmar o perspectivado corte na produção, como forma de fazer face à tendência de queda do preço do petróleo.
A partir de Janeiro de 2019, o mercado terá menos 1,2 milhões de barris/dia, dos quais 800 mil barris/dia deixarão de ser exportados pelos membros do cartel, enquanto a Rússia e aliados se responsabilizarão pela redução dos outros 400 mil barris.
A aliança não divulgou as quotas específicas para cada país, o que levanta algumas interrogações sobre o posicionamento de Angola. A dúvida justifica-se por estar a produzir abaixo da quota a que tem direito na sequência do acordo de 2016, quando o grupo decidiu baixar a produção de 33.7 milhões para 32.5 milhões de barris por dia.
Nesta altura, a produção de Angola era de cerca de 1.700 mil barris/dia e, à luz do acordo, passaria para 1.673 mil barris/dia desde Janeiro de 2017. Neste ano, no entanto, a produção média diária foi de 1.634 e a tendência decrescente mantém-se.
No primeiro trimestre de 2018, a média diária foi de 1.562 barris/dia e baixou para 1.493 mil barris no segundo trimestre. Já no terceiro, a produção foi de 1.472 mil/dia. Ou seja, o défice da produção de Angola garante cerca de 17% do acordo de 2016.
A dúvida que se coloca agora é se o corte seria imposto sobre a produção efectiva ou sobre os 1.673 mil barris a que o país tem direito. A certeza é que apenas o Irão, a Venezuela e a Líbia estão isentos de cumprir o acordo.
Por sua vez, a Arábia Saudita, maior exportadora da OPEP, prometeu reduzir a produção média este mês para 10,7 milhões de barris e para 10,2 milhões em Janeiro, depois de atingir o record de 11,1 milhões barris em Novembro. “Isso deve-se, em parte, ao nosso compromisso de começar com o pé direito em 2019 e demonstrar que cumprir este acordo não levará um período longo e prolongado de liquidação gradual”, garantiu o o ministro saudita da Energia, Khalid al-Falih. “Dizemos o que queremos dizer e cumprimos o que dizemos”, acrescentou. As palavras do governante foram entendidas como resposta às suspeitas, segundo as quais a Arábia Saudita tentaria mascarar o seu corte para evitar choque com os Estados Unidos.
A decisão do corte, de resto, representa um desafio à Donald Trump que dois dias antes twittou que esperava que a OPEP não restringisse a oferta.
O acordo, entretanto, surgiu depois de alguns dias de turbulência no seio da OPEP que iniciou com o anúncio do Qatar de deixar a organização a partir de Janeiro. Também marcou a semana a falta de consenso sobre o corte numa primeira reunião, apenas entre os membros da OPEP. No mesmo dia em que se decidiu pelo acordo, marcou a reunião a falta de consenso sobre se o Irão deveria beneficiar ou não da isenção com a Arábia Saudita a manifestar-se contra. Porém, prevaleceu a vontade da maioria e o Irão faz parte do grupo dos que beneficiarão.
A OPEP pretende estabilizar os mercados de petróleo depois de os preços caírem 22% em Novembro, marcando o pior mês desde a crise financeira global, em 2008.
“Quem no fundo acaba por ter poder sobre o judicial...