Angola produz menos 204 mil barris/dia
PETRÓLEO. Comparativamente a Abril, produção registou uma redução de 60 mil barris/dia, mas se comparado a quota atribuída pelo acordo OPEP+ este défice aumenta quase quatro vezes.
O relatório mensal da Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP) confirma a tendência dos últimos meses da incapacidade de Angola alcançar a produção a que tem direito à luz do acordo OPEP+.
De acordo com os dados da organização, a produção média diária de Angola, em Maio, foi de 1,079 mbd (menos 60 mbd do que em Abril) quando tem o direito de produzir 1,283 mbd, registando-se, assim, um défice de 204 mil barris. Com o referido défice, em termos de receitas brutas, o país deixou de arrecadar, só neste mês, 13.588,4 mil dólares/dia, visto que o preço médio do petróleo se fixou em 66,61 dólares, de acordo com a OPEP.
Em média, porém, nos primeiros cinco meses do ano, Angola registou um défice de cerca de 145 mil barris/dia na produção, comparando a média da quota atribuída (1,273 milhões bpd) e a média da produção alcançada (1,128 milhões bpd).
Por outro lado, a média de produção alcançada nos primeiros cinco meses do ano dá razão à corrente que considerou “excessiva” a previsão do Orçamento Geral do Estado 2021 de produção de 1,220 mbd, já que se regista um défice de cerca de 92 mil barris/dia.
Recentemente ao VALOR, José Oliveira, especialista de assuntos energéticos da Universidade Católica de Angola, estimava que dificilmente Angola alcançaria as quotas a que tem direito, nos termos do acordo do cartel. E aponta como causas “a covid-19 e atrasos em planos que estavam previstos no ano passado”. Oliveira clarificava, no entanto, que, mesmo sem a covid-19, dificilmente o país cumpriria. “Talvez tivéssemos mais 10 ou 20 mil barris, mas nunca cumpriríamos a quota”, defendeu.
UM ARRANQUE PROMISSOR
Angola iniciou o acordo em vigor desde Abril 2020 como nunca desde a existência do figurino OPEP+. Neste que é o terceiro acordo, Angola produziu, nos primeiros meses, acima da quota que lhe foi atribuída. E chegou a receber, inclusive, moratória dos outros membros no sentido de reduzir a produção. No entanto, o país passou a registar défice em Outubro de 2020. Desde então, a produção esteve sempre abaixo da quota com tendência de crescimento do ‘gap’.
Foi, na verdade, a primeira vez que Angola iniciou um acordo semelhante, indiciando que produziria no limite da quota. O primeiro acordo neste figurino foi alcançado em Dezembro de 2016 e entrou em vigor em Janeiro de 2017, tendo-se estendido até ao fim do mesmo ano. Angola tinha a obrigação de produzir apenas 1,673 mbd. No entanto, a média diária de produção neste ano foi de 1,634 mbd, cerca de 39 mil barris abaixo da quota.
MAIS OFERTA, MESMA PROCURA
Por outro lado, a OPEP manteve a previsão de crescimento da procura pelo petróleo para este ano em seis milhões de barris por dia, ao conservar a produção global em 96,58 mbd, prevista no relatório anterior. Para a previsão, a organização usa como base a procura de 2020, fixada em cerca de 90,6 mbd.
Em relação à oferta, a organização aumentou, em contrapartida, a sua estimativa para 2021, estimando um crescimento de 800 mil barris para uma média de 63,7 milhões de barris por dia.
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