PAÍS FOI CONVIDADO A PROCURAR FINANCIAMENTOS

Angola reestrutura diamantes da RCA

SECTOR EXTRACTIVO. Não existe um sector mineral propriamente dito na RCA. Diamantes e ouro são explorados em garimpo artesanal.

Angola foi convidada pelas autoridades da República Centro Africana (RCA) a angariar, junto de investidores internacionais, financiamentos para alavancar a indústria mineira daquele país e ajudar também a reestruturá-lo, após décadas de conflito civil que colocaram o sector praticamente de rastos, soube o VE de fonte segura.

O país é rico em minérios como ouro, ferro e diamantes de “grande qualidade”, comparáveis aos de Angola e Botsuana, mas a sua exploração é feita de modo artesanal. Além disso, a RCA está sob embargo económico no chamado ‘Processo Kimberley (PK)’, estando impedido, por isso, de exportar os recursos, por estes terem sido utilizados para financiar o longo conflito armado. Várias figuras proeminentes daquele país estão também sob sanções, acusadas de se terem beneficiado de proventos dos ‘diamantes de sangue’, maioritariamente ex-rebeldes.

A retirada das sanções é assim a única via que poderá permitir que os diamantes da RCA cheguem ao mercado internacional, com certificação [do processo Kimberlito] e para que os ainda explorados por alguns “bandos errantes não tenham hipótese de circulação”, segundo defendem as autoridades locais. No entanto, enquanto perduram as sanções, as empresas legalmente estabelecidas têm estado a acumular grandes reservas, não as podendo vender, o que tem estado a dificultar o relançamento da economia.

A Endiama lidera o grupo de empresas angolanas a quem “recentemente” foram dadas cinco concessões no domínio de pesquisa e exploração de diamantes e “provavelmente” que venham também estender-se a outros minérios, de acordo com a mesma fonte. “A Endiama é que tem estado a encetar contactos de angariamento de financiamentos internacionais”, explica. “A RCA não tem exploração de diamantes estruturada, é só garimpo. Estão a reestruturar com apoio da Endiama.”

A fonte não indicou que outras empresas angolanas também “ganharam” concessões. Mas não houve ainda investimentos financeiros feitos porque “aquilo está tudo desestruturado”.

CONTRAPARTIDAS

As autoridades da RCA pedem e esperam que Angola use da sua “influência internacional” para ajudar a levantar as sanções contra as exportações de diamantes, que correspondem a 40% do Produto Interno Bruto (PIB).

Encravado no coração de África, a RCA é um país de maioria cristã (66% da população) e com minorias significativas de animistas e muçulmanos. A sua economia é baseada na agricultura de subsistência (mandioca, inhame, milho, etc.) e de exportação (café e algodão), e criação de gado. Mas a principal fonte de riqueza mineral é a produção e exportação de diamantes.

Angola teve um envolvimento de destaque nos esforços diplomáticos que puseram fim ao conflito que opôs as milícias anti-Balaka (cristãs) às Sélèca (muçulmanas), sendo que o processo terminou com a eleição de um novo presidente, em Fevereiro passado, Faustin-Archange Touadéra, apoiado pela comunidade internacional.