Angorascom mantém garantias de operar em Angola
A Angorascom, empresa a que o Governo concedeu, em Novembro, o direito de exploração do serviço móvel da Angola Telecom, assegura que mantém a garantia de operar no país e já se prepara para a alteração do nome por razões comerciais.
“A Angorascom não é muito comercial, não é de fácil pronúncia para os clientes segundo o estudo realizado”, explicou ao VALOR fonte da empresa criada para operar em Angola na sequência do acordo entre a Orascom Telecom e o Governo. “Ainda não temos o novo nome, mas estamos a trabalhar neste sentido”, precisou a mesma fonte, numa altura em que aumentam os rumores de que o Governo rescindirá o contrato de subconcessão por pressão da Africell, que considera um “processo não-transparente” a parceria entre o Governo e a Orascom.
“No caso de a licença móvel da Angola Telecom ser transferida para a Orascom ou qualquer outra operadora num processo não-transparente, a nossa retirada do concurso permanece uma opção”, garantiu ao VALOR, em Março, Ian Paterson, director financeiro da Africell.
“O nosso modus operandi e o dos nossos investidores, como o governo dos EUA, exige total transparência e seria impossível continuarmos num mercado onde um processo transparente, como o que participámos até agora, seja comprometido de tal maneira”, acrescentou.
Na sua última edição, o semanário ‘Expansão’ dá conta que o Governo terá cedido à pressão da Africell, já que se prepara para a rescisão do contrato com a Oroscom. Esta que, entretanto, continua a trabalhar no sentido de iniciar a operação, tendo, inclusive, iniciado o processo de recrutamento. “Desconhecemos esta pretensão do Governo e continuamos a trabalhar para iniciar a nossa actividade em Angola. Temos projecto de investir em infra-estruturas e também para partilhar as infra-estruturas existentes em acordo com os operadores existentes”, explicou.
Nesta altura, acrescenta, a única indecisão tem que ver com a pandemia da covid-19 que impede que, por exemplo, os executivos seniores da operadora estejam em Angola. “Oficialmente, nunca nos foi dito nada nem gostaríamos de falar sobre a Africell que, como nós, é uma operadora que pretende investir no mercado, mas, se o argumento é que nós não passámos por um concurso público, com quem é que Africell concorreu?”, questiona.
A Africell Holding SAL foi a empresa seleccionada no concurso para a atribuição do ‘4.º Título Global Unificado para a Prestação de Serviço Público de Comunicações Eletrónicas’. Mas o processo acabou por ficar restrito a apenas uma companhia, no caso a Africell, das 12 seleccionadas para as sessões de promoção e das três que adquiriram as peças do concurso (as outras foram a MTN, da África do Sul, e o BAI Investimento).
Os factos indiciam estar-se em presença de mais um capítulo do conturbado processo que visa aumentar a concorrência no sector da telefonia móvel. Em Abril de 2019, a Telstar, depois de ter sido seleccionada no primeiro concurso, viu o processo anulado por alegadas razões de transparência.
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