ANO NOVO, TUDO NA MESMA... OU TUDO PIOR?
Afirmemo-lo de imediato. Se 2023 foi globalmente um ano muito mau, não há uma única razão fundamentada que leve a crer que 2024 venha a ser menos ruim. Da economia, à política, passando pelas crises na área social, tudo se projecta para que este ano, se não for pior, venha a ser pelo menos uma repetição do ano passado.
Na economia, as fragilidades estruturais e conjunturais do ponto de partida são indesmentíveis. Ao projectar o comportamento da economia para os próximos 12 meses, o Governo reconhece riscos com potencial enorme de colocar em causa as suas metas mais optimistas, a exemplo do esperado crescimento económico, ainda que anémico. O reconhecimento dos riscos por parte do Governo é, entretanto, como era de se esperar, mais tímido do que a projecção da maioria das análises independentes.
Há uma explicação apresentada com argumentos razoavelmente sólidos por parte dos analistas. Com um conjunto de medidas proteccionistas e restritivas no plano fiscal, monetário e cambial, o Governo vai ter de confrontar-se simultaneamente com os riscos de deterioração dos preços, face à insuficiência da oferta da produção local, e as ameaças do contínuo descarrilamento da moeda nacional, perante a impossibilidade de injecção de divisas suficientes no mercado. A isso deve juntar-se o agravamento das dificuldades com a expectável redução dos subsídios aos combustíveis e, porque não, ainda no plano fiscal, os obstáculos que se colocam à capacidade de se contrair empréstimos para a execução do Orçamento Geral do Estado. O conjunto deste ‘mar de dificuldades’ vai implicar objectivamente o aumento generalizado dos preços e, inevitavelmente, a deterioração da vida dos angolanos.
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