AIA PREOCUPADA COM A FALTA DE ENERGIA

Apagões criam prejuízos de 100 mil kz/dia aos industriais

Os associados da Associação Industrial de Angola (AIA) estarão a contas com avultados prejuízos, nas respectivas carteiras de negócios, como consequência dos constantes cortes no fornecimento de electricidade a Luanda. Entre a classe, há quem diga estar a gastar, em média, 100 mil kwanzas/dia na compra de combustível para alimentar os geradores.

O presidente daAIA, José Severino, afirmou, em declarações ao VALOR, não ser possível desenvolver uma indústria com recurso a energias alternativas, salientando ser este um dos motivos que tornam as empresas nacionais menos competitivas se comparadas a outras da região. José Severino (na foto) reconhece as vantagens que a barragem hidroelétrica de Laúca poderá trazer, entretanto, considera que não obstante as desculpas públicas apresentadas, nomeadamente pelo ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, as empresas não foram previamente avisadas para acautelarem eventuais constrangimentos.

“Elas já estão sobrecarregadas com outros custos, agora com a falta de energia, as despesas aumentaram. Algumas empresas chegam a gastar, diariamente, 100 mil kwanzas para o abastecimento de geradores.”

O responsável da associação dos industriais lembrou que, desde Janeiro de 2016, o Ministério das Finanças ajustou os preços dos combustíveis, passando a gasolina a ser vendido ao preço de 160 kwanzas, enquanto o gasóleo passou a custar 135 kwanzas o litro. Os dois produtos deixaram de ser subvencionados.

As restrições no fornecimento de energia eléctrica, justificada com o enchimento da albufeira da barragem de Laúca, estão a criar também prejuízos incalculáveis aos consumidores, com enfoque para o ramo comercial, onde os operadores estão a perder diversos produtos alimentares, segundo constatou o VALOR.

A situação abriu uma oportunidade para os vendedores de geradores, nalguns casos, duplicarem os preços, com os mais procurados a serem os de 2,2 KW, comercializado por 150 mil kwanzas, suficientes para garantir a conservação de alimentos e a iluminação.

As restrições acontecem exactamente numa altura em que o Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola lançou o seu relatório sobre ‘Energia em Angola’.

Na apresentação do documento, o coordenador daquela instituição académica, Alves da Rocha, apesar de reconhecer os esforços empreendidos pelo Governo, reforça a ideia da AIA, de que “não é possível desenvolver a indústria com geradores porque acarreta muitos custos”.