Apostas desportivas crescem nas ruas de Luanda
COMÉRCIO. Negócio tornou-se fonte de rendimento de muitos jovens e é promovida por empresas formalizadas e plataformas online.
É comum observar, nas zonas de Luanda de maior concentração de pessoas, como paragens de táxis ou à porta de bares, jovens com smartphones, multibancos, móveis e rolos de papel nas mãos. Tratam-se de colaboradores de plataformas de apostas desportivas a expandirem-se numa velocidade vertiginosa pela capital. Muitas destas plataformas actuavam somente no segmento online, mas, nos últimos tempos, estão a migrar para o físico, a exemplo da ‘Aposta 24 Horas’. A plataforma, com dois mil clientes no formato online, está a tentar impor-se no formato físico, contando já com mais de 100 clientes diários nos diferentes pontos de Viana, Kilamba-Kiaxi e Cazenga.
Apesar de considerar o formato físico dispendioso, Mbiavanga Mateus, gerente da plataforma, explica que optaram por fornecer um kit constituído por telefone e impressora a quem deseja vender os serviços no seu estabelecimento comercial ou comunidade, no lugar de implantar quiosques em várias localidades. Na primeira experiência, facturou 1 milhão de kwanzas, 800 mil dos quais se destinaram a prémios.
Os jovens, considerados ‘revendedores’, ganham pequenas percentagens de acordo com o valor das apostas conseguidas durante o dia, não tendo, por sua vez, qualquer vínculo laboral com a plataforma. Na Aposta 24 Horas, os revendedores chegam a facturar, diariamente, 50 mil kwanzas, recebendo como compensação 10% do valor. Enquanto, na ‘Angofoot’, o desafio chega a ser maior. Caso o revendedor facture, em dois meses, acima de 340 mil kwanzas, tem a comissão de 8%, incluindo, alegadamente, IRT apesar de o valor não ser susceptível de tributação. “Não é um salário exacto, se eu vender 100 mil kwanzas, ganho 10 mil. É um desafio muito grande onde a tua produção define o que ganharás”, conta Eleutério Gonçalves, revendedor à porta de casa no Cazenga.
Com a suspensão das actividades desportivas nacionais, devido à pandemia, os jovens saem à rua apenas em dias de jogos europeus. Durante as últimas semanas dos campeonatos na Europa, o número de apostadores reduziu drasticamente. António Duarte, a operar em Viana, viu os habituais mais de 40 clientes a descer para a metade, o que levou, em termos de rendimento, a margens “muito ínfimas que pesam na comissão a receber”.
Nas diferentes plataformas, as apostas começam a partir de 200 kwanzas e vão até aos milhões.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...