Apreensão de drogas atinge os 8 milhões USD
TRÁFICO DE DROGAS. Angola passa para a condição de mercado de consumo, saindo da anterior categoria de país de trânsito. Detalhe: até Dezembro, esperam-se cerca de 100 apreensões, avaliadas em 20 milhões de dólares.
Até ao fim do mês de Agosto, as autoridades confiscaram cerca de 66 quilogramas de cocaína, avaliados em oito milhões de dólares, segundo a Administração Geral Tributária (AGT).
Os dados referem-se a 31 apreensões no Aeroporto Internacional ‘4 de Fevereiro’, em Luanda, principal porta de entrada de drogas provenientes, sobretudo, da América latina, devido à conexão com o Brasil, via África do Sul, Namíbia e Congo Brazzaville.
Jerónimo Nunda, chefe da secção de navegação e controlo da delegação aduaneira do terminal de passageiros do aeroporto internacional de Luanda, prevê que 2016 bata todos os recordes em termos de apreensões, calculando que se aproximem num número de 100 até Dezembro, com valores na ordem dos 20 milhões de dólares. A explicação está no facto de Angola se ter tornado num mercado de consumo, desde o ano passado, ‘evoluindo’ da anterior condição de país de trânsito. “Angola tornou-se um país consumidor de drogas desde o ano passado, antes era só um país de trânsito. Isto significa que passou a ser um mercado atractivo e o volume de importações de droga aumenta”, revelou.
Jerónimo Nunda considera as estatísticas “alarmantes”, apontando que os números da AGT, que só têm que ver com as fronteiras aéreas, terrestres e marítimas, chegam a ser “bem menores”, em relação ao volume de apreensões dos Serviços de Investigação Criminal que actuam em todo o território nacional.
O volume de dinheiro movimentado representa a estatística preliminar das apreensões, sendo que as drogas passam por várias fazes até serem vendidas ao consumidor final. Os cálculos da AGT indicam que, apesar dos investimentos realizados, nos últimos anos, em scanners, brigadas caninas e no perfil preventivo - que a capacidade dos técnicos em usar a neurolinguística e até 10 tipos de testes de drogas –, cerca de 40% dos estupefacientes que entram “escapam” das inspecções.
As drogas vêm, na sua maioria, através das mulas (pessoas que são usadas para o transporte). E os portadores usam várias formas, sendo as mais comuns em bagagem de mão, simulada em roupa, em peças de viaturas, electrodomésticos, bem como em cápsulas ingeridas e introduzidas no ânus ou em órgãos genitais femininos.
Luanda, Huila, Benguela e Cunene são os principais mercados em termos de consumo interno. A droga que se exporta tem, como destinos, a Namíbia, São Tome e Príncipe e África do Sul.
Jerónimo Nunda admite que o trafico de droga em Angola tem ligações com os cartéis de droga na América latina, com pessoas que enviam e recebem no país.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...