AS MENTIRAS DA PAZ
Mais do que em qualquer outro período da história, no século XXI, a legitimidade democrática não se esgota na aritmética dos números eleitorais. Hoje, exige-se muito mais do que isso. A vitória nas eleições ou a governação legitimada pelo voto popular é apenas um meio que tem como fim último e único a satisfação das exigências do povo. Admiti-lo é uma questão de elementar honestidade intelectual.
Quando um governo, sem razões fundadas, não cumpre as suas promessas capitais, o povo protesta em casa, como foi no 31 de Março em Angola, ou sai à rua e faz exigências. Até de demissão do governo se necessário. Também não é incomum o povo encostar o governo contra a parede, mesmo quando este tem aparentemente justificações atendíveis para o incumprimento de determinada promessa. Para os eleitores, o foco é sempre um e único. Conforme os desafios de cada momento, esperam que o governo resolva os problemas. E ponto final. Nada disto configura atentado à democracia, nada disto se confunde com qualquer acto antipatriótico, muito menos atentatório às instituições do Estado. É o que se passa reiteradamente em democracias dignas desse nome.
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