“Até 2019, a Recredit nunca tinha recuperado um único kwanza”, Valter Barros
O presidente do conselho de administração da Recredit, Valter Barros, revelou que quando chegou, em 2019, à Recredit, a instituição não tinha recuperado “um único kwanza”.
A declaração foi feita durante um seminário dirigido a jornalistas que decorreu em Luanda, quando Valter Barros abordou os desafios da instituição e das expectativas em relação a créditos, a curto prazo. “Toda a gente acha que a Recredit devia recuperar muito mais nos primeiros anos da sua actividade”, concluiu o gestor.
A Recredit foi criada em 2016 e é detida pelo Ministério das Finanças e pelo Instituto de Gestão de Activos do Estado (IGAPE), com o objectivo de absorver o crédito malparado do Banco de Poupança e Crédito (BPC), um dos maiores do país.
Valter Barros adiantou que, no primeiro ano, em 2020, a recuperação ficou abaixo dos 50% do objectivo traçado. "Foi um ano em que se desencadeou a pandemia e o Estado fechou quase tudo e ficámos nos 49%. Foi um ano desafiante”, afirmou.
Em 2021, os gestores da instituição fixaram um objectivo ainda maior, colocando a fasquia na recuperação de 19,84 mil milhões de kwanzas. E foram recuperados 21 mil milhões de kwanzas. “Triplicámos aquilo que recuperámos em 2020. Digo sempre aos meus colegas que somos aquilo que recuperamos. Tudo que nós não recuperamos, as pessoas nunca vão entender. Temos de nos focar na recuperação”, explicou Valter Barros-
Outro desafio apontado pelo líder da Recredit é o facto das empresas financiadas pelo BPC terem uma “fraca actividade”: “quando nos confrontamos com esses clientes nos processos de negociação uma das respostas mais frequentes é que a empresa já não funciona”.
77 processos em contencioso
A Recredit tem 77 processos em fase de contencioso, incluindo um pedido de insolvência, e 24 acções judiciais. Esses 77 processos perfazem um total de 24 mil milhões de kwanzas. 346 processos de crédito estão em negociação e equivalem 128 mil milhões de kwanzas.
A carteira de crédito da instituição totaliza 1,24 biliões de kwanzas, correspondentes ao valor de exposição, com 476 processos de crédito, dos quais 28 pertencentes à primeira carteira adquirida e os restantes à segunda.
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