Ateliers associados projectam produzir 10 milhões de máscaras
PRODUÇÃO ARTESANAL. Vários empreendedores abandonaram a sua zona de conforto e dedicam-se à produção de máscaras para o combate à covid-19, numa luta que tem como adversário a falta de matéria-prima.
Com o objectivo de garantir a produção de 10 milhões de máscaras até ao fim do ano, a Associação da Indústria Têxtil e de Confecções de Angola juntou mais de 30 associados das 18 províncias que, nesta fase, produzem diariamente 10 mil máscaras de protecção contra a covid-19.
Daniel Pires, um dos responsáveis da associação e presidente do Fórum da Indústria Têxtil e de Confecção de Angola (Fiteca), explica que, face à elevada procura de máscaras, o sector, com destaque para os proprietários de ateliers, está a dar respostas “dentro das possibilidades”, apesar das dificuldades com a matéria-prima, explicadas com o corte nas importações.
“A matéria-prima em Angola é sempre um caos, as empresas têm stock, mas não é suficiente, vamos precisar de material para facilitar os empreendedores”, explica ao VALOR, adiantando estarem em curso conversações com instituições ligadas ao Estado com o objectivo de facilitar a importação.
O empenho na produção de máscaras, embora não sendo o ‘core business’ dos empreendedores associados, tem resultado um certo retorno financeiro, segundo Daniel Pires. Cada máscara é vendida a entre 500 e 600 kwanzas e são compradas principalmente por entidades governamentais, grandes superfícies comerciais e demais empresas.
Mas há também quem se tenha lançado na produção de máscaras de tecido e que conta com retornos baixos, razão por que consideram o negócio “um auxílio” às autoridades na luta contra a pandemia. É o caso do empreendedor Daniel Noloquele. Com o atelier fechado, juntou-se a um artesão, um marceneiro e a uma educadora infantil, para a produção de máscaras. Actualmente, produzem, por dia, 200 máscaras, número que deve alterar para 300 brevemente, com a entrada em funcionamento de mais uma máquina de confecção.
O empreendedor queixa-se dos “avultados gastos” feitos na aquisição da matéria-prima, cujos preços disparam com o passar dos dias. “Os preços estão muito acima do normal. O elástico era o produto mais barato, custava 50 kwanzas o metro, actualmente está 300 a 400 kwanzas. Sem falar do tecido que, dependendo da qualidade, pode custar mais de cinco mil kwanzas”, confere Daniel Noloquele.
O valor do investimento inicial a rondar os mais de 30 mil kwanzas pesa na fixação do preço do produto final. Cada máscara é vendida a 200 kwanzas e os clientes são, sobretudo, zungueiros que, posteriormente, revendem no mercado informal.
Cláudia Semedo, outra empreendedora na área cultural e de moda, reclama dos “altos custos” na produção. Por isso, prefere produzir máscaras personalizadas, apenas quando solicitada por empresas ou por clientes individuais, sobretudo através das redes sociais. Em média, produz, num dia, mais de 150 máscaras, comercializadas a 500 kwanzas.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...