Sem resposta do BNA

Banco digital vira-se para o Brasil

26 May. 2021 Empresas & Negócios

BANCA. Banco Nacional de Angola assegura, ao VALOR, ter respondido ao pedido de licencimento do banco, mas promotores negam ter recebido qualquer decisão e afirmam que procederam aos ajustes exigidos pelo regulador.

Banco digital vira-se para o Brasil
D.R.

Os promotores do Dubank Angola, o que seria o primeiro banco angolano totalmente digital, levaram a iniciativa para o Brasil onde deve começar a operar este mês. Para obteção da autorização do regulador brasileiro esperaram cerca de seis meses, depois de terem aguardado dois anos por resposta do Banco Nacional de Angola, que, ao VALOR, garante já ter reagido.

“Em tempo útil, o BNA comunicou aos promotores da iniciativa em apreço a sua decisão, devidamente fundamentada nos termos do disposto na Lei n.º 12/15, de 17 de Junho, Lei de Bases das Instituições Financeiras e no Aviso n.º 9/2020, de 03 de Abril”, fez saber.

No entanto, o fundador e CEO do banco, Sérgio Hirose, nega ter recebido qualquer decisão do regulador. E explica que recebeu apenas orientações de pontos a melhorar no processo para que se efectivasse o licenciamento, mas, desde que deu entrada da documentação, com as alterações sugeridas, o banco não recebeu qualquer resposta.

Apesar do atraso, Sérgio Hirose continua esperançoso de um dia operar no mercado nacional, convicto de que lhe seja atribuída a licença de Prestador de Serviços de Pagamentos (PSP), à semelhança da operadora de telefones Unitel. “O nosso grande desejo é poder materializar o Dubank Angola pelo grande potencial que o país oferece no crescimento do mercado digital, podendo colaborar com a empregabilidade, educação financeira, redução do mercado informal e mostrando todo o benefício da formalidade e oferecer o que há de melhor no market place com parcerias com empresas privadas como seguros e imobiliárias”, explica.

Enquanto em Angola o processo se arrasta, no Brasil, o Dubank já recebeu a licença do banco central em menos de seis meses, aproveitando o crescimento que se regista no mercado brasileiro. Nos nove primeiros meses deste ano, o sector cresceu 34% e atraiu 939 milhões dólares. Nos últimos cinco anos, foram investidos 2,4 mil milhões de dólares neste mercado, segundo de organizações ligadas a 'startups'.

Sérgio Hirose também está em contactos "bastante avançados" com as autoridades do Gana, Nigéria, Ruanda, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau, depois de receber o convite para a materialização da ideia nestes mercados africanos.

Perante o atraso no projecto em Angola, Sérgio Hirose decidiu entrar no mercado imobiliário, com foco na mediação, apostando nas novas tecnologias.