No primeiro trimestre

Bancos do ‘big five’ aumentam 31% nas provisões

RESULTADOS. Nas contas faltam os números do BPC e do Banco Económico que ainda não publicaram os balancetes. Lucros recuaram mais de 66%.

Bancos do ‘big five’ aumentam 31% nas provisões
D.R

As provisões acumuladas dos bancos BAI, BFA e BMA aumentaram 31,5% ou 11,2 mil milhões de kwanzas para 46,8 mil milhões de kwanzas face ao último trimestre de 2019.

O maior contributo veio do BAI numa altura em que o aumento das provisões tem sido uma prática das principais instituições bancárias internacionais, face aos riscos impostos pela pandemia da covid-19. As provisões da instituição liderada por Luís Lélis passaram de 2.834,7 milhões para 10.729,1 milhões, representando um crescimento de 278%.

Seguiu-se o BMA com um crescimento de 10,68% ou mais 896 milhões para 9.278 milhões de kwanzas, enquanto as provisões do BFA cresceram 10% ao passarem de 4.362,1 para 26.803,6 milhões de kwanzas.

O VALOR não pôde apurar se o aumento tem relação com um eventual crescimento do crédito em incumprimento, sobretudo neste período de estado de emergência em que o Banco Nacional de Angola concedeu uma moratória de 60 dias aos clientes que solicitarem uma suspensão da amortização dos créditos.

Um membro da administração de um dos bancos considera o aumento “normal”, sublinhando que os bancos “vão ter de estar atentos” aos efeitos da covid-19 na economia. “Com redução da produção há menos liquidez e, por isso, há pagamentos de prestações dos empréstimos adiadas, para já, por 60 dias. O efeito final nos resultados e nas provisões só os vamos conhecer no terceiro e/ou quarto trimestre do ano e depende da recuperação das empresas e seus efeitos no emprego”, explicou.

LUCROS CAEM MAIS DE 66%

Por outro lado, o lucro das três instituições recuou 66,9% face ao último trimestre do ano passado, passando de 269,1 para 89 mil milhões de kwanzas. A maior queda registou-se no Banco Millennium Atlântico com os números a passarem de 30,4 mil milhões para pouco mais de 1.000 milhões de kwanzas, ou seja, uma redução de cerca de 96%.

A segunda maior queda foi de 71% e registou-se nos resultados do BFA que passaram de cerca de 119,9 para 34,7 mil milhões de kwanzas. Por sua vez, o BAI viu os seus resultados recuarem 55,1% ao passarem de 118,7 para 53,2 mil milhões de kwanzas.   

O recuo nos lucros é considerado “normalíssimo” pelo executivo bancário já citado. “O desempenho dos bancos no primeiro trimestre é menos denso e traduz-se sempre em menos resultados, mas a própria situação do momento também concorre para estes resultados. Qualquer banco com bom senso fez previsão com resultados líquidos para baixo. E, mesmo assim, alguns conseguiram números superiores ao que estavam previstos”, argumenta. Para encerrar os dados do ‘big five’, faltam os dados do BPC e do Banco económico que ainda não publicaram os respectivos balancetes do primeiro trimestre de 2020.