Bancos recusaram converter contratos em moeda estrangeira para kwanzas
Alguns bancos rejeitaram converter os contratos em moeda estrangeira para kwanzas, alegando que contraíram empréstimos em divisas e precisariam de as recuperar.
O ano passado, o Banco Nacional de Angola estabeleceu que os devedores em moeda estrangeira pudessem converter os seus créditos para kwanzas. Mas a medida não “funcionou muito bem”, admitiu o governador do BNA, em entrevista à TPA. “Por ser uma relação de vontade entre o banco comercial e o seu cliente e essa relação é regulada não por uma norma do BNA, mas pelo código civil, acabamos por ter pouco espaço de tornar mandatório. Houve pessoas que conseguiram e houve casos que não”, reconheceu José Lima Massano.
O governador do BNA admitiu o “problema” e explicou que o BNA tem “procurado ajudar a resolver”, mas adiantou estar limitado a 18 mil casos por o regulador ter tido “ a coragem de dizer acabaram os contratos em moeda estrangeira para residentes cambiais”, porque se não o “problema seria bem mais complicado”.
Recentemente o BNA e os bancos com clientes nesta condição reuniram-se e o regulador já recebeu “informação detalhada” destes créditos. Massano admite que vai voltar a ser aberta uma “janela” a que não teve grandes resultados para permitir que os créditos sejam convertidos. O BNA promete vender moeda estrangeira a esses bancos para reporem a sua posição cambial. “É o que vamos fazer para procurar novamente aliviar. É uma preocupação que também temos. Não é matéria esquecida e está ser tratada”.
O governador do BNA admitiu que esses créditos em dólares agravam o crédito malparado.
Em meados de 2018, o VE publicou uma reportagem com várias pessoas com credito-habitação em diferentes bancos e cujos contratos de compra de casa com resurso ao empréstimo foram feitos em dólares. Esses clientes estavam a enfrentar dificuldades por verem o valor da prestação mensal subir em mais de 50% desde que BNA adoptou o regime de taxa de câmbio flutuante, em Janeiro desse mesmo ano.
Ao VALOR, os mutuários relatavam que se tinha tornado “insustentável” conciliar as despesas normais com o pagamento ao banco, por “todos os meses existir um novo pacote de divida e um valor novo para pagar”.
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