BNA quer ‘assumir’ dados estatísticos do sector segurador
BANCA E SEGUROS. Projecto do banco central prevê controlar toda a informação financeira nacional. E vai incluir o sector segurador. Estratégia está sobre a mesa e em fase muito avançada. Foi um dos temas que a equipa de Massano levou ao décimo encontro sobre estatística nos PALOP.
O Banco central não explica se a estratégia inclui a ARSEG. O Banco Nacional de Angola (BNA) deve apresentar, nos próximos dias, um novo instrumento de estatísticas monetárias, que passa a incluir toda a informação sobre as operações do sector segurador nacional, medida já apresentada aos congêneres dos Países de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), na semana passada, soube o VALOR de um membro da organização que assistiu ao certame, em Benguela.
A estratégia deve ser tornada pública nos próximos dias e, segundo a fonte, já está em fase avançada de estruturação, sendo que parte dos dados monetários do BNA já estão a ser compilados com base nesse novo critério.
Um dos objectivos desse novo quadro passa por “melhorar” a informação que o banco central coloca à disposição das instituições financeiras, nomeadamente os bancos comerciais, entidades financeiras internacionais e demais agentes económicos. Aliás, durante a reunião, São Tomé e demais países manifestaram-se interessados em aplicar esse instrumento de compilação de dados.
“Vamos precisar da ajuda do Banco Nacional de Angola para novas técnicas que queremos desenvolver e em que eles [o BNA] já estão adiantados. Queremos fazer estatísticas monetárias e vimos que o BNA já tem, por exemplo, estatísticas não financeiras, nomeadamente a dos seguros. Já está a incorporar estas estatísticas [dos seguros] nas estatísticas monetárias”, assegurou um alto responsável de estatísticas de um dos nove bancos centrais dos PALOP ao certame, que pediu anonimato.
“Vimos que Angola está a fazer [a inclusão dos dados do seguro nas suas estatísticas], embora não publique. E nós queremos pegar nisso e dar os nossos passos, porque vimos e gostamos”, saudou a fonte.
A informação chegou ao VALOR à margem do décimo encontro sobre ‘estatísticas dos bancos centrais dos países de língua portuguesa’, que discutiu o ‘papel das estatísticas na prevenção de riscos e vulnerabilidades do sistema financeiro.
Contactado sobre como pretende implementar a estratégia e se a medida inclui, na coordenação, a Agência de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG), o BNA, através do seu gabinete de comunicação institucional, não deu quaisquer esclarecimentos.
Nem mesmo Aguinaldo Jaime, o presidente do conselho de administração da ARSEG, respondeu sobre a questão, depois de contactado por ‘mail’ e chamadas telefónicas, sobre se a estratégia do banco central não ‘roubaria’ competências ao sector que coordena.
Apesar disso, o vice-governador do BNA, Manuel António Tiago Dias, apontou as necessidades para a melhoria da informação estatística que chega à rua.
“Os bancos centrais, na sua qualidade de produtores de estatísticas oficiais, são desafiados a melhorar cada vez mais a qualidade das estatísticas por si produzidas, tendo em conta o papel crucial que estas desempenham, como instrumento eficiente de coordenação e suporte à tomada de decisões, quer dos gestores públicos, de empresas e das famílias”, disse o responsável, diante dos seus pares dos nove bancos centrais dos PALOP, no primeiro dia do encontro.
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