Boeing alarga entregas das aeronaves para 2025
AVIAÇÃO. Fabricante já fez duas alterações. Tudo indica que vai continuar a alterar os planos até receber uma confirmação oficial do cancelamento do contrato.
A construtora Boeing reprogramou a entrega das aeronaves à Taag, perspectivando duas por ano, entre 2022 e 2025.
A decisão é justificada pelo não pagamento das tranches em dívidas e, sobretudo, pelo facto de Angola não ter oficializado a decisão de cancelamento das encomendas. “Já mudámos a entrega das oito aeronaves que estava prevista para 2020-2022. Agora programamos entregar duas em 2022, duas em 2023, duas em 2024 e duas em 2025”, revelou ao VALOR fonte da empresa norte-americana.
A reprogramação, de acordo com a fonte, diminui os custos do Governo relativos ao pagamento correspondente à assinatura do contrato definitivo, que, no figurino anterior, estava fixado em 4,0 milhões de dólares. E reduz também o valor correspondente ao Pre-Delivery Payment, avaliado em 62 milhões de dólares.
Dos pouco mais de 66 milhões de dólares que Angola deveria pagar pelos dois itens contratuais, pagou apenas pouco mais de 4,0 milhões de dólares, segundo fonte da construtora. “Se a Taag não efectuar os pagamentos dos fundos DA+PDP e continuarmos a mover as datas das entregas para a direita, a Taag estará de volta aos anos 80, 90 e início dos anos 2000 com aviões antigos e uma frota não muito confiável”, alerta.
Uma fonte do Ministério dos Transportes garantiu, no entanto, ao VALOR que a “própria Boeing está a solicitar o adiamento dos prazos de entrega, visto que a crise está para todos”, referindo-se às limitações impostas pela pandemia da covid-19.
As incertezas do processo de reforço da frota da companhia iniciaram-se em Abril de 2018, quando João Lourenço cancelou a autorização que tinha concedido, em Janeiro do mesmo ano, ao ministro dos Transportes “para celebrar contratos de compra e venda de aeronaves com as empresas Boeing e Bombardier”.
Na mesma ocasião, cancelou também a autorização que havia concedido à Taag para a “negociação de financiamento do fornecimento das aeronaves”. O recuo foi justificado com a necessidade de ser elaborado “um estudo mais aprofundado com vista à implementação do Plano de Reestruturação e Modernização da Frota de Aviões da Taag”.
Segundo a fonte da Boeing, desde então, o Governo nunca informou a construtora sobre a conclusão do referido estudo nem esclareceu se avança ou não com a compra.
A situação, de resto, alterou o plano que previa o reforço da frota da companhia de bandeira entre 2022 e 2024, o que concorreu para a decisão de redução do capital social da empresa de 700 mil milhões para 127.007 milhões kwanzas.
JLo do lado errado da história