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JORNALISTA DA TPA PROCESSADO POR MANIPULAÇÃO NA ‘OPERAÇÃO CARANGUEJO’

Cabingano Manuel rejeita pronunciar-se sobre acusação de Lussaty

24 Aug. 2022 António Miguel De Jure

JUSTIÇA. Jornalista da Televisão Pública de Angola vai ser processado por alegadamente ter publicado nverdade sobre o caso Lussaty, na sua reportagem sobre a ‘Operação Caranguejo’. Ex-actor de telenovelas pode ser também arrolado no processo em que o ‘major milionário’ responde. 

Cabingano Manuel rejeita pronunciar-se sobre acusação de Lussaty

O director de informação da Televisão Pública de Angola, Cabingano Manuel, recusou-se a comentar sobre a acusação de ter manipulado informações, na reportagem sobre a ‘Operação Caranguejo’.

Questionado pelo Valor Económico sobre o assunto, Cabingano Manuel limitou-se a dizer que “não responde”, tendo de seguida desligado o telefone de forma abrupta. No entanto, o major Pedro Lussaty, principal arguido do ‘Operação Caranguejo’, já avisou, por intermédio do seu advogado, que vai processar o jornalista da TPA.

Em entrevista ao ‘Novo Jornal’, o advogado Francisco Muteka solicitou ao tribunal que Cabingano Manuel seja arrolado como declarante no mesmo processo em que está a ser julgado Pedro Lussaty.

O major afirmou, perante os juízes, nunca ter conversado com o jornalista da TPA, como se faz parecer na reportagem daquela televisão pública e no vídeo da Procuradoria Geral da República, enquanto esteve sob custódia do Serviço de Informação e Segurança do Estado (SINSE), considerando “ultrajante” o trabalho exibido por Cabingano Manuel.

“Eu encontrava-me a ser torturado. Esse vídeo foi criado no laboratório. Em nenhuma circunstância dei entrevistas a qualquer jornalista, nunca vi o senhor Cabingano Manuel, nunca falei com ele e nem o conheço. Montaram aquele vídeo num laboratório e exibiram-no na televisão para justificarem a encenação que ocorreu”, acusa o arguido em tribunal.

Pedro Lussaty avançou ainda que tinha sido sequestrado e posto em cativeiro durante 11 dias e não detido como os operativos do SINSE, PGR e a reportagem de TPA fazem crer. “Só no dia seguinte é que me apercebi ser num posto médico do SINSE. Dias depois, interrogam-me para explicar o meu património. Quanto questionei, disseram-me que apenas cumpriam ordens."

Em tribunal, o major, afecto à Casa Militar do Presidente da República, negou ainda ter sido detido em posse de malas de dinheiro contendo milhões de dólares, kwanzas e euros, mas salientou que os 17 milhões de dólares constantes da acusação são seus, pois tinha no seu apartamento aproximadamente 68 milhões de dólares e mais 1,5 mil milhões de kwanzas guardados.

O major e outros arguidos, ligados à Casa de Segurança da Presidência da República, são acusados de crimes de peculato, associação criminosa, recebimento indevido de vantagens, participação económica em negócios e abuso de poder e também de fraude no transporte ou transferência de moeda para o exterior do país, comércio ilegal de moeda, falsificação de documentos, branqueamento de capitais e de falsa identidade. No entanto, de acordo com o seu advogado, Pedro Lussaty diz não conhecer 99% dos indivíduos que respondem no mesmo processo.

O advogado do acusado entende que os generais Manuel Hélder ‘Kopelipa’, Pedro Sebastião e Cerqueira Lourenço, todos afectos à Casa de Segurança do Presidente da República, também deviam estar no processo a responder como arguido.