ANGOLA GROWING
UMA SEMANA A ASSINAR DECRETOS E A MUDAR A POLÍTICA DOS EUA

Caneta de Donald Trump sem sossego

30 Jan. 2017 Emídio Fernando Mundo

EUA. Há quem defenda que Donald Trump é dos poucos que cumpre com as promessas eleitorais. De facto, em apenas uma semana despachou medidas anunciadas em campanha e logo as mais polémicas. A economia está no centro da nova política. Mas algumas decisões vão precisar da aprovação do Congresso.

CONTRA O CLIMA

Donald Trump entrou numa autêntica cruzada contra o ambiente, tal como tinha anunciado. Assinou o decreto que acaba com o Plano de Acção para o Clima, criado por Obama. E anunciou que os EUA vão abandonar a política e os tratados internacionais de redução das energias poluentes, relativas ao petróleo e o gás de xisto. A ideia é suspender restrições à produção de energia não-limpa (queima de carvão, por exemplo) que “eliminam postos de trabalho”. Trump promete ser o “mais empregador da História dos EUA”.

NOVA IMAGEM

Logo no primeiro dia, como presidente dos EUA, a imagem mudou: a página oficial na internet deixou de estar traduzida em espanhol e a administração elencou os temas que vão marcar os primeiros 100 dias de Donald Trump: energia, política externa, emprego e crescimento, militares, aplicação da lei e acordos comerciais. Foram retirados os ‘links’ de direitos civis, LGBT, saúde e mudanças climáticas.

PROIBIR, PROIBIR

Outro ponto das primeiras medidas económicas passa pelas proibições. A primeira impede os EUA de financiar, com dinheiros públicos, grupos internacionais que defendem o aborto. O segundo é proibir os funcionários do governo de se tornarem ‘lobistas’ depois de abandonarem os cargos, por um período de cinco anos. Para os ‘lobbies’ a favor de governos estrangeiros, o impedimento será “para toda a vida”. Na hora da posse, Trump registava que o “povo pagou o preço de um poder confiscado pela pequena elite de Washington”.

BARRAR REFUGIADOS 

Ao terceiro dia de presidente, Donald Trump anunciou a proibição de entrada de refugiados nos EUA por meses. De fora, ficam as minorias religiosas (menos muçulmanas) que fogem à perseguição. Além disso, os EUA deverão bloquear os vistos atribuídos a nacionais da Síria, Iraque, Irão, Líbia, Somália, Sudão e Iémen.

MURO A SEPARAR

Causou grande polémica, em campanha, a ideia de construir um muro a separar os EUA e o México. Donald Trump assinou a ordem de construção, prometendo que seriam os mexicanos a pagá-lo. O presidente do México cancelou uma visita agendada para Washington e jurou que o país não vai pagar um cêntimo. Trump insiste que, do México, só chegam drogas, crimes e imigrantes ilegais.

DE ARMAS NA MÃO

Ao contrário de Obama, o novo presidente incentiva o uso e livre circulação de armas pessoais, sem zonas de proibição. Trump justifica a medida como uma das formas “mais eficazes de combater o crime” porque, discursou ele, “mães e crianças são reféns da pobreza nas nossas cidades, ao nosso sistema educativo falta dinheiro, a criminalidade e os gangues privaram o nosso país do seu imenso potencial: esta carnificina americana pára aqui e imediatamente”.

EUA SOZINHOS 

O ‘slogan’ ‘A América, primeiro!’, repetido até à exaustão, encaixa que nem uma luva na mais importante medida económica – até agora – de Trump: o proteccionismo comercial, anunciado como prioritário na condução da Economia. Foi sem surpresas que Trump deu ordem imediata para dar início à saída do país do TPP (Tratado de Associação Transpacífico). Também o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA), que abrange o México e Canadá, vai ser alterado.

GOLPE NA SAÚDE 

Ainda nem tinha recuperado dos três bailes de consagração, que marcaram a posse como presidente, já Donald Trump tratava de derrubar a reforma de saúde Barack Obama, que ficou conhecida por Obamacare. Contudo, o decreto lançou a confusão, porque Trump ordena apenas a que os órgãos governamentais “não obedeçam às regras exactamente como estão escritas”, sem as especificar. O que pode significar atrasos nos reembolsos ou cancelamento de serviços.

PLANO DE DEFESA

Outra medida de grande alcance, mas não tomada por decreto, foi a solicitação ao Departamento de Defesa para desenvolver “um plano para proteger a infra-estrutura vital dos EUA de ciberataques e todas as outras formas de ataques”.