Carga demasiado pesada para tão pouco dinheiro
SUBSISTÊNCIA. Em um cenário de extrema precariedade, enfrentam duras condições de vida e de trabalho: transportam cargas com pesos que variam entre os 50 e 200 quilos e lidam com problemas de saúde. São trabalhadores que se dedicam às cargas e descargas de mercadorias em lojas e armazéns. Trabalham mais de oito horas por dia.
Ser estivador exige muito esforço físico, ter uma alimentação saudável e um descanso apropriado para a recuperação de energias. Mas este cenário está muito longe da realidade para alguns destes trabalhadores, em especial para quem nem tem qualquer vínculo contratual.
Para os que trabalham de forma eventual, a vida é mais dura. Colocam-se às portas dos estabelecimentos, em grupo, a partir das 6 horas da manhã, à espera de que apareçam camiões com mercadorias para entrarem em acção. Mas quando isso não acontece, vão à procura de biscates.
Na generalidade, o pagamento do serviço depende de cada loja e armazém. Ou seja, o transporte de um artigo pesado, como saco de arroz, de trigo ou de açúcar, pode custar entre 20, 30 e 50 kwanzas. Artigos de menor dimensão, como embalagens de refrigerantes, o preço é cobrado por cada paleta do camião, cujo valor varia entre os 500 e os 600 kwanzas.
Por exemplo, descarregar uma carrinha Mitsubishi Canter, contendo 3240 embalagens de refrigerantes divididas em 15 paletas, custa 600 kwanzas por carga. O que totaliza 9.000 kwanzas, posteriormente divididos entre os trabalhadores. Trabalham em grupo e dividem o valor do descarregamento. Por15 paletas a 600 kwanzas, ganham apenas 9.000 kwanzas que têm de ser divididos por 12 pessoas. O que dá cerca de 750 kwanzas para cada um e isso “não chega para nada,” lamenta Roberto Ngola, estivador no mercado dos Congoleses.
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