Carlos Slim: o homem dos monopólios
FORTUNA. A estratégia de Carlos Slim sempre obedeceu ao princípio de aproveitar oportunidades e esmagar a concorrência. Construiu uma fortuna colossal, montou monopólios e hoje gere mais de 200 empresas em vários países.
A história do multimilionário Carlos Slim confunde-se, um pouco, com a lenda. O próprio conta que aos oito anos já andava com um caderninho, mas para fazer a contabilidade às vendas da rua que ia conseguindo. Aos 12, já comprava acções no Banco Nacional do México, que ia actualizando.
A propensão para os negócios começou assim de uma forma prematura, numa criança que nem precisava de se esforçar para ter dinheiro. O pai, Julian Slim, era um rico imigrante libanês que fez fortuna com uma loja chamada ‘A Estrela do Oriente’. Mas morreu quando o jovem Carlos tinha apenas 13 anos.
Toda a vida foi conduzida para fazer negócios e aproveitar as oportunidades. Mal terminou a formação em engenharia civil, na Universidade Autónoma do México, abriu uma correctora para investir na recém-formada Bolsa, enquanto ensinava álgebra na universidade. Quando se casou, aos 26, já tinha comprado um terreno com a promessa de construir uma casa. Mas optou por erguer um prédio e ocupar um dos apartamentos. Os restantes colocou-os à venda e para arrendar, fundando uma imobiliária.
Aos 76 anos, controla mais de 200 empresas de telecomunicações, tabaco, construção civil, mineradoras, bicicletas, refrigerantes, companhias aéreas, hotéis, ferrovias, bancos e gráficas. No total, as suas empresas correspondem a cerca de um terço do valor de mercado da principal bolsa do México e tem uma fortuna avaliada em 7% da produção total económica anual do país. Há uma frase, colocada num restaurante na cidade do México, fotografada por uma reportagem do Wall Street Journal, que define a importância de Slim na economia mexicana: “Este restaurante é o único lugar no México que não pertence a Carlos Slim”.
Por isso, analistas económicos e a Forbes, que o coloca como o segundo homem mais rico do mundo a seguir a Bill Gates, definem-no como o ‘Sr. Monopólio’. Ele, no entanto, rejeita o rótulo.
Apesar de reconhecer que “perdeu a conta” aos negócios que tem, o bilionário garante “gostar da concorrência”, que ela “é sempre necessária”, lembrando que as suas empresas têm sucesso em mercados competitivos e que até operam entre São Francisco, nos EUA, a São Paulo, no Brasil.
Apesar de lhe ser inato o jeito para os negócios, Carlos Slim encaixa-se na cultura mexicana em que o sucesso empresarial depende das ligações políticas. O seu enriquecimento ultra rápido começou em 1988 com a eleição de Carlos Salinas, amigo de longa data. Quando o presidente privatizou as principais empresas estatais, a maior fatia, sobretudo a telefónica Telmex, foi parar às mãos de Slim. Mas já antes tinha investido em empresas de construção e em minas.
O grande ‘salto’ foi dado na década de 1980, quando a economia mexicana sofreu um duro golpe com a queda do preço do petróleo. Slim apostou numa série de empreendimentos em baixa, adquirindo empresas de alumínios, cadeias de hotéis, fábricas de cigarros e até indústrias químicas. “Os países não quebram”, repetia ele, para justificar os investimentos.
Tanto nessa altura, como agora, a estratégia foi sempre a mesma: compra empresas a baixo custo, recupera-as e ‘esmaga’ a concorrência. Por exemplo, quando comprou a Telmex, resolveu, de imediato, adquirir uma das fornecedoras de cabos de cobre usados pela telefónica. Resultado: a outra empresa foi obrigada a entregar-se às mãos de Slim.
Hoje, tem investimentos em companhias no Brasil, Argentina, Colômbia, Chile, Peru, Guatemala, Equador, Honduras, Nicarágua, El Salvador, Canadá e EUA, em negócios que vão das tecnologias à comunicação social.
Tem uma fortuna avaliada em cerca de 78 mil milhões USD e criou mais de 217 mil empregos directos.
Apesar da fortuna, é considerado um homem modesto. Só usa roupa e telefones das suas empresas, tem um escritório simples num andar de um prédio, decorado com quadros de paisagens mexicanas.
BCI fica com edifício do Big One por ordem do Tribunal de...