‘Caso São Vicente’ reforça necessidade de auditoria na Sonangol
Dois antigos administradores da Sonangol defendem que o ‘caso 900 milhões de São Vicente’ é daqueles que justificam a realização de uma auditoria às contas da petrolífera, argumentando com suspeitas de se tratar de recursos saídos da empresa pública, “através de esquemas encobertos em operações aparentemente regulares”.
Lembrando que os custos com o seguro reduziram em cerca de 50%, após a AAA deixar de ser a seguradora da Sonangol, os dois antigos gestores, que comentaram o caso em anonimato, referem que chegavam à petrolífera facturas com custos 10 vezes superiores ao que seriam os valores do mercado.
Uma análise do VALOR aos relatórios e contas da Sonangol mostram que os custos com o seguro da petrolífera reduziram cerca de 47% depois de a AAA perder o monopólio do seguro petroquímico, passando de 4.791.056 para 2.552.122 mil kwanzas de 2016 para 2017.
Em Março de 2016, a AAA perdeu o monopólio do seguro das actividades petrolíferas que abrangia os seguros pessoais e patrimoniais das empresas do ramo petrolífero. Neste mesmo ano, a Sonangol, que passou a ser liderada por Isabel do Santos, aprovou um programa, Sonalight, centrado na redução de despesa com fornecimentos e serviços externos, através da negociação de contratos (como ocorreu na subsidiária Pesquisa & Produção), centralização de volumes (como a manutenção de edifícios) e racionalização de gastos, a exemplo dos seguros. A redução de custos com recursos humanos, através do dimensionamento das operações, como o Shipping, e revisão da política de compensações, como foi o caso dos subsídios também constaram entre as tarefas do plano. “O programa Sonalight já identificou 1,2 biliões de dólares e permitiu a implementação de mais de 315 milhões de dólares de poupanças anuais parte das quais em 2016”, lê-se por exemplo no relatório referente ao exercício de 2016.
Um dos administradores citados assegura que o fim do monopólio da AAA no mercado petrolífero é um dos dossiers que só foi possível com a entrada de Isabel dos Santos na petrolífera, visto que “era um negócio que todos sabiam, mas poucos tinham poder para acabar”. “É ingenuidade acreditar que era um negócio que apenas beneficiava Carlos São Vicente. E, como este, existem outros, daí a sugestão da auditoria”, precisa.
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