CEIC prevê que crise social vai agravar-se até final deste ano
O Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola alerta, no seu recente relatório social relativo a 2019-2020, que a recessão social tende a agravar-se. Os investigadores do CEIC alertam ainda que o Fundo Monetário Internacional (FMI) “não está preocupado com o desemprego, pobreza, criminalidade e desagregação da família e dos seus valores básicos”.
O mais recente relatório social do CEIC, tornado público nesta quinta-feira, dá conta que a tendência da recessão social é de se agravar desde 2014. Entre 2010 e 2018, a deterioração do produto interno social registou uma taxa média anual de -12% e, no período de 2014 a 2018, agravou-se com a crise, passando para -28%. O relatório admite que a “deterioração das condições de vida e a degradação de valores sociais, éticos e morais básicos passaram a ser uma constante na sociedade angolana”.
O CEIC considera também que a mitigação da pobreza tem “escolhos concretos e limitativos” na obtenção de resultados estruturados e sustentáveis a médio prazo. E ainda, classifica a taxa de pobreza de 25% em 2022, prevista no PDN 2018-2022, uma “quimera” e estima que a crise social se agrave até o final deste ano.
O CEIC observa, por outro lado, que o acordo entre o Governo e o FMI não tem estado preocupado com as questões sociais, como o desemprego, pobreza, criminalidade e desagregação da família e seus valores básicos.
“Os programas do Governo em vigor, incluindo o acordo com o FMI estão preocupados com o ajustamento e a estabilização das finanças públicas e pouco com o reajustamento social”, observa, acrescentando que se deixa “a componente da vida em sociedade aos programas do Banco Mundial de alívio social, acabando por se criar um fosso entre as duas alavancas de crescimento e desenvolvimento, o social e o económico.”
Os investigadores do CEIC revelam que os programas de alívio social têm “uma componente assistencialista momentânea, não projectam alterações estruturais no modo de vida e de participação produtiva em sociedade dos cidadãos”- “Uma vez finalizados, a situação de baixa condição de vida volta ao princípio, porque, entretanto, o crescimento económico derivado da estabilização e ajustamento das finanças do Estado não aconteceu na proporção prevista nem na dimensão suficiente para melhorar as condições de vida gerais das populações mais marginais”, alertam os investigadores.
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