Centenas de pessoas mortas em naufrágio
Várias pessoas continuam desaparecidas apesar do resgate de, pelo menos, 600 imigrantes que tentavam a travessia no Mediterrâneo central, a partir da Líbia para a Itália, informaram ontem (03) fontes das ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) e SOS Mediterrâneo.
O resgate aconteceu no passado dia 1, depois do naufrágio de uma embarcação com dezenas de imigrantes, incluindo mulheres e crianças, informou o médico da MSF, Seif Khirfan, que estava a bordo do navio de resgate Aquarius.
Embora até ontem a MSF não tenha recuperado corpos sem vida dos imigrantes que caíram na água, Khirfan garantiu: “Vimos pessoas a se afogarem.” A equipa da MSF lançou coletes salva-vidas para a água e ainda conseguiu reanimar um homem que tinha entrado em paragem cardio-respiratória, posteriormente levado de helicóptero a um hospital na Itália.
Além disso, houve vários casos de hipotermia ligeira e moderada e os médicos da MSF trataram também ferimentos prévios que os imigrantes tinham sofrido na Líbia, um país onde os refugiados e os migrantes estão expostos a “níveis alarmantes de violência e exploração.”
A grande maioria dos imigrantes resgatados no Mediterrâneo tinha transitado pela Líbia e relataram às equipas da MSF os abusos que tinham sofrido às mãos de traficantes, grupos armados e milícias.
Os abusos incluem violência, inclusive sexual, assim como detenção arbitrária em condições desumanas, tortura e outras formas de maus tratos, exploração económica e trabalho forçado. Por outro lado, os serviços de salvamento marítimos espanhóis resgataram nos últimos dois meses mais de 3.200 migrantes, como resultado do aumento de embarcações na costa do Estreito de Gibraltar e do mar de Alborán, noticiou a Reuters.
Em relação aos mesmos meses do ano de 2016, o aumento é relevante, uma vez que se registou o resgate de 100 embarcações, com 1.638 pessoas a bordo.
O bom tempo e as incursões da Polícia marroquina nas fronteiras de Ceuta e Melilla, levam a que os imigrantes tentem chegar a costas peninsulares nos últimos meses. As autoridades acrescentam que registam um aumento do número de imigrantes magrebinos a bordo das embarcações, em especial marroquinos.
A Organização Internacional das Migrações revelou recentemente um balanço que mostra a dimensão da tragédia, que envolve numerosos africanos.
Missão da ONU
As hostilidades em curso na Líbia causaram um total de 38 vítimas humanas, em Outubro passado, das quais 23 mortos e 15 feridos, anunciou ontem a Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia (UNSMIL).
No seu relatório mensal sobre a violência contra os civis, a UNSMIL refere que entre as vítimas se conta 11 homens mortos e sete feridos, três mulheres mortas e três feridas, bem como nove crianças mortas (seis rapazes e três meninas) e cinco feridos (três meninas e dois rapazes).
A maioria das vítimas civis foi causada por ataques aéreos (12 mortos e sete feridos) e o restante por restos de explosivos de guerra (seis mortos e sete feridos) e tiros (cinco mortos e um ferido), segundo o comunicado da missão da ONU. A UNSMIL assinala que as vítimas civis estão distribuídas pelas cidades de Benghazi (sete mortos e sete feridos), Derna (sete mortos, sete feridos), Kouffra (um ferido), Misrata (dois mortos), Tarhouna (um ferido ) e Tripoli (um morto).
A Líbia está confrontada, desde 2011, após o colapso do Governo do Presidente Muammar Kadhafi, com o caos de segurança, alimentado pela proliferação de armas e pela existência de milícias e grupos armados que impedem a reconstrução do Estado e dos órgãos de segurança capazes de manter a ordem.
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