CORONAVÍRUS

China, a mega gestão do vírus

12 Feb. 2020 Valor Económico Gestão

SAÚDE. Autoridades chinesas estão em alerta máximo para conter o vírus Corona que, desde Dezembro, já matou mais de 900 pessoas e se espalhou pelo menos 25 países.

China, a mega gestão do vírus
D.R

Além da contencão dos sérios danos à economia, a gestão da quarentena de uma província com 50 milhões de habitantes, o coronavírus é um desafio hercúleo às capacidades de gestão pública emergencial.

Mercados mundiais em baixa, trocas comerciais e tráfego de passageiros coartados, fábricas, comércio e escolas encerrados, mais de 40 mil infectados e perto de mil mortos é o saldo actual do surto do vírus que, segundo os cientistas, só atingirá o pico em Abril.

As autoridades chinesas, que isolaram a província de Hubei, cuja cidade Wuhan é apontada como o epicentro do surto, em 10 dias construíram, com recurso a 7.500 funcionários que se revezaram para trabalhar 24 horas em três turnos por dia, um hospital de dois andares, com mil camas e 30 unidades de cuidados intensivos para atender à emergência. Outro hospital com recurso à construção em pré-fabricados foi edificado no mesmo tempo record, para disponibilizar mais 1.600 camas, sendo que as autoridades chinesas já haviam convertido estádios, escolas e centros comunitários em centros de quarentena improvisados em 132 locais que tratariam os sintomas mais leves e que disponibilizavam já 12.500 camas. O exército disponibilizou 1.400 operadores de saúde para prestação de serviços de emergência médica na província.

Uma cidade sitiada

Wuhan, a cidade com maior incidência do vírus Corona que já regista uma taxa de mortalidade de 4,1%, muito superior à de 0,17% do resto do gigante asiático, conta cerca de 11 milhões de habitantes e a gestão de serviços públicos com a existência de conselhos de recolha é um quebra-cabeças de proporções gigantes. Na semana passada, foram ordenadas buscas casa a casa para verificação de temperatura, já que os sintomas do Corona se assemelham aos de uma pneumonia aguda, sendo que os casos de suspeita são encaminhados para os centros de quarentena. 

A vice-primeira ministra, Sun Chunlan, que visitou a cidade, descreveu a situação como sendo a de “condições de tempo de guerra”. As dificuldades de abastecimento médico e alimentar da província já se vão fazendo sentir e é o exército chamado a intervir no abastecimento com 130 camiões. 260 oficiais entregam mais de 200 toneladas de produtos variados aos supermercados de Wuhan.  

Críticas

As autoridades chinesas têm-se queixado da cobertura mediática internacional do surto, que incentiva o pânico, prejudica a economia e incentiva a xenofobia contra os povos asiáticos. No entanto, a sua gestão da crise, a reacção tardia e o que é descrito por alguns como o “abandono” da população da província de Hubei à sua sorte com falta de medicamentos e transportes para os hospitais são alvo de crítica na media ocidental. Muitos experts de saúde a nível mundial aplaudem, entretanto, a gestão chinesa e a contenção fronteiriça do que pode bem tornar-se um desastre humanitário se as populações não receberem assistência atempada. 

O presidente chinês, Xi Jinping, que, de mascara, enfatizava a importância da prevenção do contágio e o isolamento dos casos diagnosticados, caracterizou a epidemia como um enorme teste ao sistema chinês e à sua capacidade de governação.