ANGOLA GROWING
FÓRUM ECONÓMICO MARCADO POR TENSÕES POLÍTICAS

China envia recados aos EUA

23 Jan. 2017 Emídio Fernando Mundo

CIMEIRA. Queda do preço do petróleo, questões ambientais, pequeno crescimento médio de 4% da economia mundial, refugiados e crise dominaram os debate do Fórum Económico Mundial. 40 líderes mundiais e os bilionários enfrentaram a tensão motivada pela posse de Donald Trump, com o líder chinês a criticar o novo presidente dos EUA.

O Fórum Económico Mundial, que junta líderes mundias, entre chefes de governo e de Estado, bilionários, banqueiros, presidentes de grandes empresas e até ‘estrelas’ mediáticas, decorreu na semana que assistiu à posse de Donald Trump a presidente dos EUA. Mesmo antes de ser empossado, toda a cimeira, que terminou no sábado, ficou condicionada pelas ideias do líder norte-americano.

Foi assim que as atenções estiveram todas viradas para o discurso do presidente chinês, Xi Jinping que não se fez rogado nas críticas a Trump. Antes de subir ao púlpito, já o fundador do Fórum, Klaus Schwab, elevava a importância chinesa: “Num mundo marcado por grandes incertezas e pela volatilidade, esse mundo lança o olhar para a China”. Em 60 minutos, Xi Jinping, sem nunca mencionar o nome de Trump, deixou mensagens claras. “Ninguém sairá vencedor de uma guerra comercial”, afirmou recorrendo a um ditado chinês para avisar sobre os para os perigos do protecionismo: “Duas pessoas fecham-se a si próprias num quarto escuro à espera de se protegerem dos perigos. O vento e a chuva ficam lá fora, mas também a luz e o oxigénio”. Foi um óbvio recado ao novo presidente dos EUA que prometeu denunciar ou renegociar acordos multilaterais de comércio e criar taxas alfandegárias para desincentivar as importações e proteger a produção nacional.

Num remate, Xi Jinping defendeu que a globalização económica criou novos problemas, mas isto não justifica, de modo algum, pôr de parte a globalização económica”. Xi prometeu não recorrer à desvalorização da moeda nacional para incentivar as exportações e apelou aos signatários do acordo de Paris sobre o clima para “honrarem os compromissos assumidos”.

Foi a primeira vez que um líder chinês, em 47 edições, participou no Fórum de Davos e recebeu elogios do antigo chefe de governo sueco Carl Bildt que escreveu no Twitter: “Há um vazio na liderança económica global e Xi Jinping pretende preencher esse vazio. E está ter algum sucesso”. O presidente do Banco Europeu de Investimento, Werner Hoyer, classificou como “notáveis” as observações do líder chinês, “num discurso diferente do habitual”.

Além dos discursos, em vários painéis temáticos, foram discutidos a queda do preço do petróleo, o tímido crescimento médio de 4% esperado para este ano, o problema humano com a crise dos refugiados, o terrorismo e as alterações climáticas. Uma das ‘estrelas’ convidadas, o actor Leonardo Di Caprio, que defendeu uma maior intervenção na defesa do ambiente, enquanto a Noruega anuniciou um fundo de investimento de 400 milhões de dólares, destinado a projectos agrícolas que preservem as florestas. O fundo deve ajudar países com floresta tropical, como o Brasil, a cumprirem os compromissos de Paris.

O equilíbrio entre o combate ao terrorismo, cruzado com a melhor forma de lidar com a crise dos refugiados, foi o tema que juntou governantes do Iraque, Tunísia, Mali, Afeganistão, Líbano, Paquistão e a rainha Rania da Jordânia.

O secretário-geral da ONU defendeu uma “nova geração de parcerias empresariais”, defendendo que o sector privado é “vital para garantir o desenvolvimento sustentável e ajudar na prevenção de conflitos, que continuam a ser uma das maiores, se não a maior, ameaça na actualidade”.

António Guterres preconizou a necessidade de haver uma reforma da organização que dirige. “As Nações Unidas são burocráticas. É possível fazer mais com menos”, afirmou, enumerando as áreas em que quer avançar nas mudanças: reforma da arquitetura, das estruturas e das regras de gestão e funcionamento”.

A cimeira de Davos, na Suíça, teve custos que ultrapassaram os 10 milhões de dólares. Foram destacados mais de cinco mil soldados para patrulhar a estância de luxo, que recebeu mais 2.500 empresários e gestores de topo, além de 40 líderes políticos.

 

Cinco destaques de Davos

 O Fórum reúne chefes de Estado e de governo, banqueiros ? e presidentes de empresas durante cinco dias. Mas já houve? cimeiras que duas semanas.

A cimeira convida artistas ou figuras das artes. Este ano, foi ? Leonardo DiCaprio. Em 1979, foi Edward Heath maestro da or? questra de Câmara de Zurique, mas tinha sido primeiro-ministro? britânico.

O antigo primeiro-ministro turco, Turgut Ozal, garante que ? foi o Fórum que evitou uma guerra entre a Turquia e a Grécia.

A primeira delegação da China só participou no Fórum em 1979.? Foi o ano que começaram as transformações económicas chinesas

Bill Clinton foi o único presidente dos EUA a participar ? na cimeira. Foi a todas a partir de 2000. Em 47 edições, mais ? nenhum líder norte-americano marcou presença.